Se você testou nossa “Calculadora da Desigualdade”, pode ter se surpreendido com o resultado. A ferramenta mostra que você faz parte da população com os menores salários ou que está no grupo das maiores remunerações.
Mas, se a calculadora mostrou, por exemplo, que você está entre os mais abastados, tente entender o porquê antes de criticar a ferramenta, achando que há algo errado.
Não dá para ignorar, nessa hora, a realidade do Estado em que você vive. A maioria da população capixaba está no grupo dos trabalhadores mais pobres. Os dados da Relação Anual de Informações Sociais (Rais), da Secretaria do Trabalho, do Ministério da Economia, comprovam isso.
Vamos partir dessas premissas para lhe convencer de que provavelmente você é “rico”, embora não possa fazer grandes exuberâncias, como comprar um carro de luxo, um apartamento de alto padrão e fazer viagens para o exterior.
Para falar a verdade, não é preciso ir tão longe assim. Você pode ser “rico” e ao mesmo tempo precisar fazer manobras com as suas finanças para pagar as contas em dia. Talvez fique sempre dependente de linhas de crédito para realizar sonhos de consumo e esteja com sua renda praticamente comprometida com parcelamentos. Vamos aos números:
1) A renda média do trabalhador do mercado formal é de R$ 2,4 mil. Porém esse valor é calculado com base nos salários de 873 mil pessoas. Entre essas, há quem ganhe menos de um salário mínimo por mês (contratos de jornadas parciais) e também aqueles com salários que chegam a R$ 110 mil.
2) Quando abrimos esses dados, podemos entender melhorar essa realidade. A Rais mostra que cerca de 60% da população que trabalha no mercado formal capixaba recebe um salário menor que R$ 2 mil. São mais de 565 mil pessoas nessa situação.
3) Entre 565 mil pessoas, 411 mil têm um salário menor que R$ 1,5 mil. Isso significa que quase 50% de toda a população formalizada vive com uma renda próxima a um salário mínimo e meio.
4) Esses dados já mostram que você pode ser rico ao ter uma renda de R$ 3 mil. Com esse salário, você já ganha mais do que 80% da população do Estado.
5) Se sua renda é de R$ 5 mil, você está entre os 10% dos trabalhadores com maiores salários do Estado. Não importa, no entanto, se nesse grupo existem pessoas com salários de R$ 100 mil. Isso só mostra quão desigual é nossa realidade econômica.
6) Se você não está convencido, queremos lembrar uma coisa: a renda média é definida pelo que a maioria ganha. Se seu salário é maior do que o da maioria, perto dessas pessoas, você pode ser considerado um “rico”.
7) A solução para corrigir essas desigualdades existe? O que podemos dizer é que não há fórmula mágica. Tudo indica que sempre teremos pessoas ricas e pessoas pobres. Mas os especialistas dão sugestões para corrigir esses problemas. A essência para construir um novo padrão de renda é a educação, segundo eles. Com ensino, a mão de obra é mais qualificada, mais produtiva, tem mais valor para o mercado.
O QUE É O G.DADOS?
G.Dados é o grupo de jornalismo de dados da Rede Gazeta, que tem como objetivo qualificar e ampliar a produção de reportagens baseadas em dados na Redação Multimídia. Jornalismo de dados é o processo de descobrimento, coleta, análise, filtragem e combinação de informações com o objetivo de construir histórias. É mais uma ferramenta para reforçar e embasar a produção de notícias.
ENTENDA O NOSSO TRABALHO
Por que fizemos esta reportagem?
A intenção da reportagem foi conhecer a realidade salarial do Espírito Santo e identificar as desigualdades e o motivo das remunerações serem tão baixas no Estado.
Como apuramos as informações?
Todo o ano as empresas privadas, públicas, órgãos do Executivo, Judiciário, Legislativo de todas as esferas (federal, municipal e estadual) precisam enviar à Secretaria do Trabalho, do Ministério da Economia, a Relação Anual de Informações Sociais (Rais). Nós pegamos os microdados (menor fração de um dado coletado em uma pesquisa que retrata cada trabalhador). A reportagem foi construída a partir da análise dessas informações.
O que fizemos para garantir o equilíbrio?
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Além de usar os dados para comprovar um cenário, a reportagem procurou especialistas em mercado de trabalho que apontou os motivos para a existência da desigualdade de renda.
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