O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central manteve o patamar dos juros inalterado pela terceira reunião consecutiva nesta quarta-feira (7) e vai encerrar 2022 com a taxa básica (Selic) em 13,75% ao ano.
O ciclo de aperto monetário (alta da Selic) foi interrompido em setembro depois de o BC ter promovido o mais agressivo choque de juros desde a adoção do regime de metas para inflação, em 1999.
Foram 12 aumentos consecutivos, com elevação de 11,75 pontos percentuais, no período entre março de 2021, quando a Selic saiu de seu piso histórico (2%), e agosto deste ano.
A decisão do Copom veio em linha com a projeção consensual do mercado financeiro de que a Selic continuaria estável em 13,75%. Levantamento feito pela Bloomberg mostrou que essa era a expectativa unânime entre os economistas consultados.
Para o próximo ano, a desconfiança do mercado é crescente diante de um cenário de maior incerteza fiscal. Há um temor em relação aos planos de aumento dos gastos públicos do governo eleito de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e seus efeitos sobre a inflação. A indefinição quanto ao novo arcabouço fiscal também gera temor entre investidores.
Em paralelo à reunião do Copom, a PEC (proposta de emenda à Constituição) da Transição está sendo discutida no Congresso e deve ser votada nesta quarta no plenário do Senado. O texto aprovado pela CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) na terça (6) abre espaço para gasto extra de R$ 168 bilhões -R$ 30 bilhões a menos do que previa a proposta apresentada pelo PT.
Frente às despesas adicionais do governo, os analistas têm revisado suas estimativas de inflação. Segundo o Focus, a projeção do mercado para o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) subiu para 5,92% em 2022.
Em 12 meses, o IPCA acumulou alta de 6,47% até outubro, segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Para este ano, há consenso de que a inflação deve estourar a meta fixada pelo CMN (Conselho Monetário Nacional) em 3,5% --com flexibilidade de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos.
Para 2023, as expectativas atingiram 5,08% e já se encontram acima do máximo permitido no intervalo de tolerância (4,75%). A previsão para 2024 se mantém estável em 3,5% -acima do centro da meta (3%).
O Copom volta a se reunir nos dias 31 de janeiro e 1º de fevereiro de 2023 para calibrar o patamar da Selic. No ano que vem, o colegiado do BC terá 2024 na mira, considerando a defasagem dos efeitos da política monetária sobre a economia.
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