Em dia positivo no exterior, com ganhos acentuados à tarde após a reafirmação do compromisso do Federal Reserve de que persistirá no afrouxamento monetário, em meio a já ampla provisão de liquidez à economia, o Ibovespa escalou mais um degrau, agora na faixa dos 105 mil pontos, acumulando até aqui no mês sua maior recuperação desde o tombo de 29,90% em março. Com a alta de 1,44% nesta quarta-feira (29), aos 105.605,17 pontos, os ganhos em julho chegaram hoje a 11,10%, superando o avanço de 10,25% em abril, que havia sido o maior para o mês desde 2009 e também o melhor do atual ciclo de recuperação.
Logo após o anúncio da decisão do Fed, o Ibovespa renovava máxima da sessão, então aos 105.433,16 pontos, e a partir das 15h30, com o início da fala do presidente do BC americano, Jerome Powell, o índice da B3 foi a 105.703,62 pontos (+1,53%), tendo saído de mínima, na abertura do dia, a 104.111,75 pontos. "O Fed vai limitar danos e garantir uma recuperação forte para os EUA", disse Powell logo na abertura da entrevista coletiva, colocando os índices de Nova York nas máximas da sessão.
O giro financeiro totalizou R$ 27,9 bilhões e, na semana, o índice acumula avanço de 3,15%, cedendo 8,68% no ano, o menor percentual de perdas acumuladas desde o início do ciclo de recuperação. Com o fechamento desta quarta-feira, o Ibovespa se aproxima um pouco mais do nível de encerramento de 4 de março, então aos 107.224,22 pontos.
"Tirando a questão do swap, que é importante para o câmbio no Brasil, Powell não trouxe muitas novidades, mas falou aquilo que o mercado queria ouvir: a reafirmação do compromisso com o crescimento americano. Puxou lá fora e aqui veio junto, mais uma vez", diz Pedro Paulo Silveira, economista-chefe da Nova Futura, que, com o Ibovespa já se aproximando dos 106 mil pontos, vê a possibilidade de o índice chegar à faixa de 115 a 120 mil pontos no fechamento do ano.
"Houve pontos positivos e outros nem tanto na fala de Powell, mas a franqueza com que trata as questões é algo que só reforça a credibilidade e a confiança do mercado", observa Ilan Arbetman, analista da Ativa Investimentos. Entre os pontos menos favoráveis, Arbetman aponta a percepção de Powell de que a situação da economia se mantém "extraordinariamente incerta" e que recuperação total é improvável até que a população se sinta mais segura.
"Por outro lado, Powell observou também que as medidas já adotadas pelo Fed estão produzindo efeitos e ressaltou o compromisso com o uso de todos os instrumentos para assegurar uma recuperação forte para os EUA, estendendo, como exemplo, as compras de Treasuries e de títulos hipotecários, e indicando o prosseguimento dos leilões de swap até que não sejam mais necessários", acrescenta o analista da Ativa, casa que mantém a projeção de Ibovespa a 110 mil pontos no fim do ano, tendo em vista fatores de incerteza, como as eleições americanas e o grau de retomada da economia brasileira neste segundo semestre.
Nesta quarta-feira, os ganhos se mostraram bem distribuídos pelos setores, como commodities (Vale ON +4,33%), CSN (+5,69%, segunda maior alta do Ibovespa) e bancos (Santander +3,51%, após resultados do semestre). Na ponta do índice, destaque para Natura (+6,73%) e Cyrela (+4,83%). No lado oposto, Minerva caiu 4,41% e Cielo, 3,52%, com balanços divulgados depois do fechamento de ontem, e Gol cedeu 3,30%.
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