Nas últimas semanas, casos envolvendo racismo tiveram grande repercussão no país. Esse tipo de preconceito também é evidente no mercado de trabalho, onde a diferença de oportunidades de emprego e salário entre brancos e negros ainda é grande. No Estado esse cenário é igualmente observado, tanto que em 2016 trabalhadores pretos receberam, em média, 35% menos que os profissionais brancos.
A média salarial dos negros foi de R$ 1.564. Já a dos brancos ficou em R$ 2.412 no Estado. Isso significa uma diferença de R$ 848, quase um salário mínimo no rendimento médio mensal. Se compararmos o salário dos brancos com o dos pardos (R$ 1.669), a diferença é de 31%.
Os dados fazem parte da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, divulgada esta semana pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A mesma pesquisa revelou ainda que do universo de 1,7 milhão de pessoas que tinham trabalho no ano passado, no Estado, apenas 10,2% era de cor preta, enquanto que os brancos eram 40,6%, e pardas, 48,9%.
Parte dessa desigualdade salarial deve-se ao nível de educação exigida pelo mercado de trabalho. Os brancos, por terem formação superior em sua maioria, estão nos postos de chefia, com salários maiores. Já os negros, em sua maior parte, ficam com os postos de trabalho mais baixos, por terem menor escolaridade, explicou o especialista em Políticas Públicas e comentarista da CBN, Roberto Simões.
No país, em 2016, a desigualdade era ainda maior, segundo o IBGE. O salário médio de pessoas brancas era de R$ 2.810, quase 45% maior do que o recebido por pretas (R$ 1.547) e 45,7% acima do ganho por pardas (R$ 1.524).
Segundo a professora doutora e coordenadora o Núcleo de Estudos Afrobrasileiros (Neab), Patrícia Rufino, para melhorar esse cenário e para mudar a realidade, falta investimento social agregando valor à educação, à cultura e ao trabalho. Sem aliá-los, não se consegue criar igualdade.
Além da diferença salarial, a discriminação racial gera disparidades de oportunidades entre brancos e negros. Para Rufino, as chances ofertadas são selecionadas, assim como os postos de trabalho, não apenas pelo grau de estudos. A desigualdade não passa apenas pela questão racial, ela passa também pelos mecanismos, como a estrutura onde a pessoa está inserida, que fazem com que ela se perpetue na sociedade, afirma.
Essa diferença de oportunidades é reforçada ainda pelo número de trabalhadores negros sem emprego no país. Segundo dados do Pnad do terceiro trimestre deste ano, do universo de 13 milhões de desempregados, 63,7% eram de profissionais pretos ou pardos.
DESEMPREGADOS
Nesta quarta-feira (29), o IBGE divulgou que o desemprego no país voltou a cair. De agosto a outubro de 2017, havia 12,7 milhões de pessoas desocupadas no Brasil (12,2%), enquanto que no trimestre anterior, a quantidade de pessoas sem trabalho era de 13,3 milhões (12,8%). A redução foi de 4,4%.
Segundo o presidente do Conselho Regional de Economia do Espírito Santo (Corecon), Victor Toscano, a tendência é que o número de desocupados reduza cada vez mais. O Brasil está mantendo um ritmo de redução da taxa de desemprego, a cada trimestre móvel está reduzindo, em média, 0,2 pontos percentuais, disse.
No período de agosto a outubro deste ano, a Pnad mostrou ainda que 91,5 milhões de pessoas estavam trabalhando no país, sendo que, desse total, apenas 33,3 milhões tinham empregos com carteira assinada.
De acordo com o economista e coordenador do Salariômetro, Hélio Zylberstanj, o desemprego caiu porque cerca de 600 mil pessoas encontraram no mercado de trabalho, mas ele ainda é basicamente informal. O número de quem trabalha por conta própria aumentou 5,6% de agosto a outubro, chegando a 23 milhões de pessoas.
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