O desempenho da economia no terceiro trimestre confirma a retomada puxada pelo setor privado. ?O PIB (Produto Interno Bruto) do período cresceu 0,6% em relação aos três meses imediatamente anteriores, informou o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) nesta terça-feira (3). A projeção feita pela agência Bloomberg estimava um crescimento de 0,4%.
Pelo lado da demanda, o avanço continua puxado pelo consumo das famílias, que representa quase dois terços do PIB e cresceu 0,8% na comparação trimestral. Os investimentos das empresas (formação bruta de capital fixo) avançaram 2,0%. O consumo do governo recuou 0,4%.
As despesas do governo - incluindo pessoal e demais gastos, exceto investimentos -, caem em todas as esferas em função das restrições orçamentárias, analisa a coordenadora de Conta Nacionais do IBGE, Rebeca Palis. Apesar do resultado do período, a taxa trimestral ainda está 3,6% abaixo do pico da série, atingido no primeiro trimestre de 2014.
Considerando a ótica da oferta, a indústria teve alta de 0,8%. Segundo o IBGE, o crescimento da indústria se deveu à recuperação do setor extrativo, puxada pelo crescimento da extração de petróleo, que cresceu 12% na comparação trimestral, e pelo avanço de 1,3% na construção civil.
A indústria de transformação, por outro lado, teve nova queda, de 1%, afetada pela queda nas exportações em função da menor demanda mundial e da crise da Argentina, segundo o IBGE. A agropecuária cresceu 1,3%, e os serviços, 0,4%.
Nos serviços, se destacaram as atividades financeiras (1,2%), o comércio (1,1%) e o segmento de informação e comunicação (1,1%). Na comparação com o terceiro trimestre de 2018, a economia avançou 1,2%. A Bloomberg estimava alta de 1%.
Nessa comparação, a agropecuária teve alta de 2,1%, e indústria e serviços, 1%. Sob a ótica da demanda, os investimentos subiram 2,9%, e o consumo das famílias, 1,9%. Nessa base de comparação o consumo do governo também caiu; o recuo foi de 1,4%.
Em valores correntes, o PIB alcançou R$ 1,842 trilhão no terceiro trimestre, informou o IBGE.
O acumulado dos últimos quatro trimestres mostra crescimento de 1,0%. O IBGE revisou o PIB do 1º trimestre deste ano, de recuo 0,1% para zero em relação aos três meses anteriores. No 2º trimestre, o avanço foi revisto de 0,4% para 0,5%.
Essas revisões foram motivadas, principalmente, pela melhora nos números da agropecuária, pela ótica da oferta, e do consumo e investimentos, pela demanda. O resultado da agropecuária foi revisto de queda de 0,1% para alta de 0,9% no primeiro trimestre e de 0,4% para 1,4% no segundo.
O consumo das famílias e os investimentos ganharam 0,3 ponto percentual em cada trimestre. O consumo cresceu 1,5% e 1,8%, respectivamente, nos dois primeiros trimestres do ano, na comparação com os três meses sempre anteriores. Os investimentos avançaram, respectivamente, 1,1% e 5,4%.
Na comparação anual, o IBGE destacou o avanço de 4,4% na construção e de 4% na indústria extrativa. A indústria de transformação recuou 0,5%,influenciada, principalmente, pela queda na fabricação de celulose, produtos químicos, farmacêuticos e de metalurgia.
Nos serviços, nessa comparação, também se destacaram informação e comunicação (4,2%) e comércio (4%), além de atividades imobiliárias (1,9%) e financeiras (1,3%). O IBGE também revisou para cima o resultado de 2018, de uma alta de 1,1% para 1,3%.
O PIB é uma medida da produção de bens e serviços em um país em um determinado período. Sua expansão é utilizada como sinônimo de crescimento da economia.
O crescimento do PIB no terceiro trimestre foi puxado pela agropecuária e pela indústria, e pela ótica da demanda, o consumo das famílias e os investimentos alavancaram o índice. As exportações e os gastos do governo ficaram de lados opostos trazendo uma contribuição negativa para o resultado. O aumento do consumo e principalmente dos investimentos representam um crescimento mais sólido para o PIB brasileiro e pode fazer com que o índice fique acima de 1% para o ano de 2019. Com uma expectativa de aumentos de investimentos no nosso Estado, o que pode gerar empregos e aumento no consumo, é esperado que haja um aquecimento da economia estadual nos próximos períodos.
O resultado do PIB deste terceiro trimestre surpreendeu até os mais otimistas. Isso foi consequência de um conjunto de ações realizadas pelo Governo Federal, como a aprovação da reforma da previdência, liberação do fundo de garantia, liberação do abono Pis/Pasep, dentre outros. A expectativa era de crescimento de 0,4% e o resultado surpreendeu, gerando uma expectativa muito boa para 2020. A surpresa positiva foi o crescimento da indústria, considerando a extrativista, ancorado pelo crescimento da extração de petróleo que teve alta de 12%. No caso negativo como se esperava, foi na atividade de transporte e serviços públicos. Se não tivermos nenhuma intercorrência negativa, relacionado ao mercado externo, tais como, guerra comercial entre EUA x China, e o governo conseguir reduzir esses conflitos políticos hora existente, teremos uma perspectiva muito boa para um crescimento consolidado em 2020.
A divulgação do resultado crescimento do PIB veio um pouco acima do esperado pelo mercado. Especialistas consultados pelo Bloomberg projetavam crescimento de 0,4% no trimestre. O avanço de 0,6% em comparação ao trimestre imediatamente anterior indica a continuidade do processo de recuperação da economia brasileira. Um fato relevante é o crescimento de 2% da Formação Bruta de Capital Fixo, o que indica reação dos investimentos produtivos. A atividade de Construção teve contribuição importante nesse resultado, pois registrou alta de 4,4% no trimestre. A propósito é o segundo resultado positivo do Setor de Construção após vinte trimestres consecutivos de queda. É fundamental que esse Setor esteja se recuperando por conta do relevante papel dessa atividade na contratação de pessoas e redução desemprego. Com relação ao cenário futuro, a expectativa dos analistas do mercado financeiro é que a economia possa crescer de 2% a 2,5% no próximo ano. Porém, há também economistas (mais céticos) que defendem projeção de crescimento do PIB em torno de 1% em 2020. O argumento é que a desindustrialização e os baixos investimentos em infraestrutura dos últimos anos está impondo limites ao potencial de crescimento econômico do país. De qualquer forma, há um relativo consenso de que o ambiente macroeconômico está mais favorável, já que se conta com a reforma da previdência aprovada e com taxa de juros básico em menor patamar histórico. É torcer para que a guerra comercial entre EUA e China não gere desdobramentos negativos para comércio exterior brasileiro, nem tampouco que a polarização política prejudique os avanços alcançados até aqui.
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