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PIB de 2019 cresce 1,1% e frustra expectativas de retomada da economia

PIB de 2019 cresce 1,1% e frustra expectativas de retomada da economia

Entre os economistas, já há quem chame os anos 2010 de “década frustrada”. O movimento tende a se repetir este ano, com os efeitos do surto do novo coronavírus como vilão da frustração

Publicado em 4 de março de 2020 às 10:05

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O consumo das famílias subiu 1,8% em 2019 ante 2018, segundo o IBGE. (Fernando Madeira)

O crescimento de apenas 1,1% do Produto Interno Bruto (PIB – valor de todos os bens e serviços produzidos na economia) em 2019, informado nesta quarta-feira, 4, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), frustrou, pelo segundo ano consecutivo, as expectativas de uma retomada mais firme da atividade econômica. O padrão se repetiu em vários anos desta década. Entre os economistas, já há quem chame os anos 2010 de “década frustrada”. O movimento tende a se repetir este ano, com os efeitos do surto do novo coronavírus como vilão da frustração.

O resultado é menos da metade do projetado inicialmente pelos economistas. Em dezembro de 2018, às vésperas da posse do presidente Jair Bolsonaro, analistas do mercado financeiro renovaram a aposta na retomada e projetaram crescimento de 2,55%.

A desaceleração do PIB de 2019 em relação a 2018 é explicada pela queda nos gastos governo, piora nas exportações e importações e crescimento menor do consumo e dos investimentos, segundo Rebeca Palis, coordenadora de Contas Nacionais do IBGE.

No quarto trimestre de 2019, o PIB cresceu 0,5% em relação ao trimestre imediatamente anterior, resultado que ficou em linha com a mediana das estimativas dos analistas, que previam de uma elevação entre 0,3% e 0,8%.

0,5%
Foi o crescimento do PIB brasileiro no último trimestre de 2019

Em 2019, primeiro ano do governo Jair Bolsonaro, a economia cresceu menos da metade do que projetavam analistas e economistas na primeira semana do ano passado – as projeções apontavam um crescimento de 2,53%, conforme as estimativas coletadas pelo Banco Central (BC) no Boletim Focus. O mesmo ocorreu em 2018. As projeções começaram o ano apontando para crescimento de 2,69%, mas o PIB acabou avançando apenas 1,32%.

Na comparação com o quarto trimestre de 2018, o PIB apresentou alta de 1,7% no quarto trimestre de 2019. Ainda segundo o instituto, o PIB do quarto trimestre de 2019 totalizou R$ 1,893 trilhão. Com esse resultado, o PIB de todo o ano passado somou R$ 7,257 trilhões.

O Produto Interno Bruto de serviços subiu 1,3% em 2019 ante 2018. No quarto trimestre de 2019, o PIB de serviços subiu 0,6% ante o terceiro trimestre do ano. Na comparação com o quarto trimestre de 2018, o PIB de serviços mostrou alta de 1,6%. Já o PIB da indústria subiu 0,5% em 2019 ante 2018. No quarto trimestre de 2019, o PIB da indústria subiu 0,2% ante o terceiro trimestre do ano. Na comparação com o quarto trimestre de 2018, mostrou alta de 1,5%.

O Produto Interno Bruto da agropecuária, por sua vez, subiu 1,3% em 2019 ante o ano anterior. No quarto trimestre do ano passado, o PIB da agropecuária caiu 0,4% ante o terceiro trimestre. Na comparação com o quarto trimestre de 2018, registrou alta de 0,4%.

O consumo das famílias subiu 1,8% em 2019 ante 2018, segundo o IBGE. No quarto trimestre de 2019, o consumo das famílias subiu 0,5% ante o terceiro trimestre do ano. Na comparação com o quarto trimestre de 2018, o consumo das famílias mostrou alta de 2,1%.

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Ano após ano, com exceção de 2017, a gente frustrou o que se esperava para o crescimento brasileiro. É uma frustração em sequência

Ricardo Barboza
Professor colaborador do Coppead, instituto de pós-graduação em administração da UFRJ.
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Em 2017, as projeções compiladas pelo BC apontavam para um crescimento de 0,5% na primeira semana do ano, mas a economia acabou avançando 1,32%, mais do dobro do esperado inicialmente. Em todos os outros anos desde 2011, o desempenho efetivo do PIB ficou abaixo do que apontavam as projeções na primeira semana de cada ano.

Barboza fez um estudo mais amplo, considerando não apenas a projeção para um ano, mas para os quatro anos seguintes. O quadro de frustração fica ainda mais claro. No início de 2012, por exemplo, as projeções apontavam para crescimento de 3,30% naquele ano, 4,25% em 2013, 4,50% em 2014 e 2015. Na realidade, o PIB teve as seguintes variações: 1,92% (2012), 3,0% (2013), 0,5% (2014) e -3,55% (2015).

Segundo Barboza, embora algumas projeções possam ser feitas com pouco embasamento, mais na base da “torcida”, a metodologia para o cálculo das estimativas, com uso de modelos matemáticos ou cenários, é uma “tecnologia comum”, muito difundida entre economistas - além disso, séries estatísticas recentes e a falta de estabilidade na economia tornam o trabalho de projetar mais impreciso.

A frustração das expectativas estaria mais associada a uma “falta de pragmatismo” na condução da política econômica do que a um excesso de erros por parte dos economistas. Essa “falta de pragmatismo” estaria associada à insistência em adotar políticas de estímulo à demanda, na primeira metade da década de 2010, quando havia sinais de que a economia estava aquecida demais, e à adoção do receituário oposto, com o foco exclusivo em reformas de longo prazo, sem qualquer apoio à demanda, quando há sinais de excesso de ociosidade na economia, de 2016 para cá.

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Com informações da Agência Estado e Folha Press

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