É natural que, à medida que o tempo passe, o empregado comece a se perguntar se está ganhando conforme a função que está desempenhando. Mas, como você pode se certificar de que o seu salário é incompatível com suas entregas realizadas? E caso, de fato, tudo indique haver um desequilíbrio, como pedir um aumento? Essas e outras questões foram debatidas na CBN Vitória nesta segunda-feira (4).
Na estreia do quadro CBN Vida Profissional, a comentarista Andréa Salsa, consultora de pessoas e gestão, mentora de líderes e professora da Fundação Getúlio Vargas (FGV), respondeu a esses questionamentos em entrevista ao jornalista Mário Bonella. A especialista iniciou distinguindo termos como "salário" e "remuneração". "É necessário ampliar a visão sobre o salário", disse.
Segundo Andréa Salsa, antes de iniciar uma pesquisa para saber se está ganhando o mesmo que empregados de outras empresas, o trabalhador deve considerar os números além do contracheque. "É preciso considerar os benefícios, entre eles os tíquetes, planos de saúde e seus tipos, a participação nos lucros, os treinamentos pagos pelo empregador, entre outros critérios", afirmou.
Além dos benefícios mais facilmente perceptíveis, estão outros menos "tangíveis", entre eles:
Para a especialista, se mesmo após fazer uma lista de benefícios o profissional continuar acreditando que está sendo mal remunerado, há pelo menos dois caminhos:
Para explicar como deve ser feita a negociação com os líderes para pedir aumento, Andréa Salsa cita o especialista em mediação William Ury, autor do livro "Como chegar ao sim". "O conceito básico, nessa hora, é definido pelo termo 'macna', ou seja: melhor alternativa em caso de não acordo. É preciso olhar o cenário", descreveu. Para isso, alguns pontos devem ser considerados:
Ao analisar os pontos, caso fique evidente que não é o melhor momento para pedir uma melhor remuneração, o interessado deve agir com calma. Mas, se o resultado da equação é interessante, o profissional pode agir com maior assertividade.
Outras dicas importantes, segundo a especialista, são a de não ignorar a chefia direta e ir conversar com um superior distante, já que isso pode provocar um mal-estar, e ter cuidado com o tipo de abordagem para não parecer uma ameaça ou leilão (exemplo: a empresa X está me oferecendo mais). Também é importante posicionar o quanto o interessado tem sido relevante e como suas entregas têm sido feitas, além de observar o estado de humor da chefia no dia do pedido.
Para a pessoa que está do outro lado da negociação com o trabalhador, cabe a transparência. Segundo Andréa Salsa, é necessário equilibrar conhecimento, tempo e poder.
"O chefe deve contextualizar o porquê de não ser possível um aumento naquele momento, quanto tempo pode levar para ser viável e explicar ao proponente porque ele deveria continuar trabalhando na empresa mesmo sob estas circunstâncias. Um bom livro para tratar dessa conversa é o 'Você pode negociar qualquer coisa', do autor Helder Correia", afirmou a professora.
Por fim, a especialista explicou que o líder não deve conceder aumento apenas na hipótese do profissional pedir. Inclusive, o plano ideal é que seja oferecido aumento quando houver um diferencial que o justifique, para reter o funcionário. "É possível e recomendável antecipar o reconhecimento, isso engaja ainda mais o colaborador", concluiu.
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