WASHINGTON - Após meses de negociações, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta sexta-feira (13) o fechamento da primeira fase de um acordo comercial com a China. A decisão de concluir ao menos parte das conversas acontece em meio ao desgaste que a disputa com Pequim tem causado à sua popularidade às vésperas da eleição de 2020.
Em seu Twitter, Trump afirmou que "tarifas de 25% permanecerão como estão", assim como taxas de 7,5%, mas não deu mais detalhes. O presidente disse ainda que vai suspender taxas em cima de US$ 156 bilhões em bens de consumo chineses que entrariam em vigor no domingo (15).
Em troca, diz o republicano, a China prometeu comprar mais produtos agrícolas, de energia e bens manufaturados dos americanos, o que seria um afago aos fazendeiros que apoiaram o republicano em 2016 mas estavam insatisfeitos com os prejuízos nas plantações de soja e milho, por exemplo, desde que a guerra de tarifas começou, em 2018.
"Concordamos em uma grande primeira fase do acordo com a China. Eles [chineses] concordaram com muitas mudanças estruturais e compras maciças de produtos agrícolas, energia e bens manufaturados, além de muito mais. As tarifas de 25% permanecerão como estão, com 7,5% sobre o restante", escreveu o presidente.
"Vamos começar as negociações da fase dois imediatamente, ao invés de esperar até depois das eleições de 2010. É um acordo maravilhoso para todos. Obrigado." O anúncio aconteceu no mesmo momento em que o Comitê Judiciário da Câmara aprovou as duas acusações de impeachment contra Trump. A votação agora vai para o plenário da Casa, na próxima semana.
Na manhã de quinta-feira (12), o presidente dos EUA havia dito em seu Twitter que estava "muito próximo" de um "grande acordo" com Pequim e o mercado financeiro reagiu com otimismo.
Analistas que acompanham as negociações há quase dois anos afirmam que o anúncio da conclusão de uma primeira parte do processo está longe de ter o tamanho ideal para o acordo, mas o saldo ainda é positivo.
Com essa etapa, além de fazer o afago a produtores de estados-chave para sua reeleição, como Iowa e Illinois, Trump evita punir consumidores nos EUA, visto que as tarifas que entrariam em vigor no dia 15 de dezembro eram sobre produtos chineses de bens de consumo, como smartphones. E, por fim, mostra que ainda tem capacidade de chegar a um acordo após meses de conversas improdutivas.
Durante toda a quinta-feira, o republicano teve reuniões com conselheiros de comércio do seu governo e viu surgirem boas reações no mercado, como o índice MSCI, que mede o desempenho global de ações, que bateu recorde no início da tarde. As empresas americanas tiveram alta na bolsa, assim como os títulos do Tesouro.
O presidente havia dito que a batida de martelo com a China deveria sair somente após a eleição de novembro do ano que vem, mas tem sido aconselhado por integrantes de seu governo a agir diante dos custos que o prolongamento da disputa com os chineses poderia trazer para sua campanha.
Na semana passada, o republicano chegou a anunciar imposição de tarifas sobre o aço e alumínio que chegam nos EUA pelo Brasil e Argentina, pegando de surpresa o governo Jair Bolsonaro. A avaliação foi a de que Trump precisava fazer um aceno ao seu eleitorado e mostrar insatisfação com o brasileiro, que mantém uma relação cordial com os chineses.
Os agricultores americanos perderam vendas para os brasileiros e argentinos, que passaram a exportar produtos com preço mais vantajoso a Pequim.
De 2018 para cá, os EUA impuseram tarifas de 25% sobre US$ 250 bilhões em produtos importados da China, e mais 15% em cima de outros US$ 110 bilhões em itens. As novas tarifas, que começariam à meia-noite de domingo, incidiriam sobre US$ 160 bilhões em produtos de consumo, como smartphones e brinquedos.
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