Além de todas as ansiedades sanitárias e econômicas, a pandemia também deixou os consumidores mais expostos à baixa qualidade dos serviços de internet e telefonia no país quando eles ganharam um caráter ainda mais essencial, do home office ao lazer doméstico. Ainda no início da quarentena, em março, houve um súbito aumento de tráfego estimado em mais de 40%.
A vulnerabilidade da infraestrutura nacional ficou mais sensível enquanto, paralelamente, a própria situação de instabilidade imposta pelo novo coronavírus acabou por adiar o leilão do 5G, um passo essencial para colocar o país no que se desenha como o futuro da rede, para o primeiro semestre de 2021.
A questão é que os impasses são anteriores à chegada do novo coronavírus. Já em março passado, o leilão de frequências já havia sofrido um adiamento para o fim de 2020, e o receio então era que a decisão tivesse relação com pressões da Casa Branca para cercar os possíveis negócios com a chinesa Huawei. Não há inocentes na guerra econômica entre as duas nações.
A politização de uma questão tão sensível quanto a infraestrutura de telecomunicações brasileira é um anacronismo que precisa ser evitado a qualquer custo. Os interesses primordiais devem se relacionar com vantagens no que diz respeito a valores e qualidade de transmissões, não com uma ideologização oca que não cabe na relações comerciais internacionais, em pleno século XXI.
O Brasil carece de uma internet mais veloz e estável para alçar voos mais altos de competitividade. Não pode continuar se arrastando, como um coadjuvante tecnológico. E o país não caiu por acaso no meio dessa novela do 5G que mais uma vez coloca Estados Unidos e China como antagonistas. Com cerca de 70% da população conectada, o mercado brasileiro tem potencial para crescer e se fortalecer. Cabe ao país se aproveitar dessa posição atrativa para conseguir fechar um negócio de fato vantajoso. É hora de fazer valer o slogan "O Brasil acima de tudo".
Uma operadora anunciou que iniciará a oferta de uma rede 5G comercial já na próxima semana, em bairros nobres de São Paulo e Rio de Janeiro, com uma tecnologia que vai permitir a navegação até 12 vezes mais rápida em aparelhos compatíveis. As prestadoras de serviços tem permissão para implementar redes com padrão 5G em quaisquer das faixas de radiofrequência a elas autorizadas, segundo a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicação).
A internet de quinta geração, contudo, depende do leilão das novas frequências para se massificar, com formas de transmissão criadas especificamente para o 5G. Novas estradas se abrindo, quase que literalmente.
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A transição tecnológica nas comunicações precisa se desenrolar com rapidez, para que não se perca mais tempo com uma rede tão intermitente, que não garante segurança em atividades essenciais, sob risco constante de colapso. Uma decisão acertada quanto à adoção do 5G carrega consigo o que se espera para um futuro bem próximo.
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