A cada mulher morta no ES, cresce o nosso sentimento de derrota

Por mais desolação que tanta violência provoque, não há razão para desistir de transformar essa realidade. A violência contra a mulher não pode correr o risco de banalização, é fundamental reunir forças para seguir o combate

Publicado em 12/07/2024 às 01h00
Vítima
Sara da Cruz Moulin Merçon, de 28 anos. Crédito: Redes sociais

O sentimento, diante da persistência diária de agressões e mortes de mulheres no Espírito Santo,  é sempre de derrota. A legislação avançou nas últimas décadas,  há esforços do poder público e o envolvimento da sociedade para frear a cultura machista que semeia essas violências, mas as mulheres continuam vulneráveis demais. Os números mostram isso.

Ao realizar um apanhado com as estatísticas de violência contra a mulher neste primeiro semestre de 2024, a colunista Vilmara Fernandes mostrou que, desde 2018, apenas os seis primeiros meses de 2021 registraram tantos feminícidios quanto o mesmo período deste ano. Foram, em ambos os casos, 21 mulheres mortas por questões de gênero.

Nesta semana, causou comoção a morte de Sara da Cruz Moulin Merçon, de 28 anos, em Venda Nova. O suspeito do crime, ex-companheiro da vítima, foi preso no dia seguinte. Mais um rosto feminino na galeria dessa tragédia brasileira.

Interromper o ciclo de violência é parte crucial de qualquer iniciativa de combate à morte violenta de mulheres. Um ato obsessivo, como a perseguição ("stalking"), é uma das manifestações que são um alerta de perigo iminente. De acordo com a Polícia Civil, os registros de crimes de perseguição aumentaram 23% nos primeiros quatro meses deste ano, considerando o mesmo período de 2023.

A misoginia e o machismo, incrustados na sociedade brasileira apesar de todo o esforço de conscientização dos últimos anos, é o terreno fértil para todo tipo de violência, das mais simbólicas (que não são inofensivas por isso) àquelas que ceifam vidas. É um fenômeno cultural difícil de ser combatido. 

Por mais desolação que tanta violência provoque, não há razão para desistir de transformar essa realidade. A violência contra a mulher não pode correr o risco de banalização, a cada novo caso é fundamental reunir forças para seguir o combate. Há muito a ser feito, como políticas públicas mais eficientes na manutenção de redes de apoio para mulheres em vulnerabilidade. Uma mulher sob ameaça precisa saber onde buscar socorro. É assim que as derrotas podem começar a virar vitórias.

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