Cinco colegas saíram juntos do trabalho no horário do almoço, na última segunda-feira (30). Eles costumavam se reunir e nesse dia, chuvoso, decidiram descansar no ponto de ônibus fora da empresa, na Rodovia do Contorno (BR 101), em Cariacica. Dois deles morreram, três ficaram gravemente feridos.
É inconcebível que pessoas percam a vida de forma tão banal, mas elas foram atropeladas por um carro que invadiu o ponto de ônibus. O casal que ocupava o automóvel ficou preso às ferragens e teve ferimentos médios. Na ocorrência, um motorista informou que o veículo havia colidido com seu caminhão e, desgovernado, atingiu os pedestres no ponto de ônibus.
É inconcebível, é inaceitável, todos se compadecem, mas segue acontecendo com frequência. O trânsito tem sido muito cruel para quem anda pelas ruas. Quase opressor.
Atropelamentos, principalemente nos casos em que as pessoas estão nas calçadas, o que dá a elas uma suposta proteção garantida pelas regras mais básicas de trânsito, são uma interrupção abrupta demais da vida. De acordo com o Observatório da Segurança Pública do Espírito Santo, o ano de 2024 tem registrado mais mortes em atropelamentos. De janeiro até agosto, o aumento foi de 16,9% (90 casos) na comparação com o mesmo período de 2023 (77).
E essa violência não só mata, como deixa marcas físicas e psicológicas na vida das pessoas. Em 2018, outro trabalhador em ponto de ônibus de Vila Velha acabou tendo que amputar a perna direita, após a roda de um caminhão que carregava granito se soltar do veículo e atingi-lo. Não foi um atropelamento propriamente dito, mas um pneu se soltar de uma carreta em movimento é algo que pode ser tão brutal quanto.
A Avenida Beira-Mar, em Vitória, já foi cenário de alguns atropelamentos em pontos de ônibus. Em 2017, uma mulher foi atropelada em frente ao Instituto Braille após dois carros se envolverem em uma batida. Em 2018, um acidente com um carro da cavalaria da Polícia Militar, um ônibus do Sistema Transcol e um carro de passeio acabou com um deles invadindo o ponto de ônibus no outro lado da avenida, em frente ao Ginásio Jones dos Santos Neves, deixando duas pessoas feridas.
E assim se sucedem esses episódios nos quais as pessoas à espera de transporte acabam sendo vítimas de acidentes nas quais nem estavam envolvidas. O que aumenta ainda mais a responsabilidade de quem conduz qualquer tipo de veículo, de carretas a bicicletas: a imprudência e a negligência não coloca somente quem trafega pelas ruas, avenidas e rodovias em risco. É preciso pensar que as más decisões podem também fazer vítimas inesperadas.
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