Na última semana, um prédio histórico da Cidade Alta foi repetidamente alvo de crimes patrimoniais. O palacete que abriga a Academia Espírito-Santense de Letras e a Galeria de Artes Virgínia Tamanini foi arrombado e furtado em três ocasiões: a primeira ocorrência foi na madrugada de domingo (31), quando a galeria foi invadida. Na madrugada da terça-feira (2), foi a vez de a Academia ser alvo dos criminosos, o que voltou a ocorrer na noite de quinta-feira (4).
No último arrombamento, foram levados do local bustos em homenagem a algumas personalidades, medalhas de honrarias, um frigobar que ainda seria instalado e até torneiras foram arrancadas e carregadas.
Curiosamente, as imagens que flagram um homem carregando nas costas o frigobar roubado da sede da Academia Espírito-Santense de Letras foram cedidas pelo Palácio Anchieta, localizado ao lado do prédio invadido. Não é uma informação que possa passar despercebida: o palacete invadido três vezes em uma mesma semana se localiza perto demais da sede do governo estadual, o que inevitavelmente traz a pergunta: existe algum lugar seguro atualmente na Grande Vitória?
É uma pergunta provocativa, mas merece ser encarada com seriedade. A radiografia atual da violência mostra o número de homicídios caindo no Estado. No primeiro semestre de 2022, foram registrados 466 mortes violentas ante as 548 do mesmo período do ano passado, uma redução de 15%.
Na última sexta-feira (5), a Polícia Civil, por meio do Departamento Especializado de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), realizou a terceira edição da Operação Sicário, no Morro da Garrafa, região da Praia do Suá, em Vitória. A Secretaria de Estado da Segurança Pública e Defesa Social (Sesp) divulgou um balanço contabilizando nove pessoas com mandados de prisão em aberto detidas, além de dinheiro e drogas apreendidos.
As exibições de poder das facções do tráfico, que levam o terror a bairros da Grande Vitória, têm causado apreensão em toda a população. E este espaço tem reivindicado com frequência a necessidade de uma participação ativa dos atores institucionais e sociais para conter essa guerra covarde.
Por outro lado, a população também se sente desamparada no seu dia a dia. Assaltos e roubos nas ruas são comuns, além de crimes contra o patrimônio. Na sexta-feira (5), chamou a atenção a notícia de que um médico legista da Polícia Civil teve a casa, na Ilha do Boi, em Vitória, invadida por criminosos. Ele foi feito refém com a esposa e os três filhos. Joias que estavam dentro de um cofre, uma pistola com 16 munições, um notebook e um carro modelo Ford Ka foram roubados.
Fica a sensação de que, a qualquer momento, qualquer pessoa pode ser a próxima vítima. Não se nega que as forças policiais fazem o que podem, mesmo que não sejam capazes de estar presentes em todos os lugares. Mas tampouco se pode fechar os olhos para a criminalidade que não teme agir, mesmo em regiões teoricamente mais vigiadas.
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