Em duas horas de fiscalização de rotina da Polícia Rodoviária Federal (PRF) no trecho da BR 101 entre Guarapari e Anchieta, foram 150 motoristas multados por excesso de velocidade, na semana passada. Houve condutores que chegaram a ser flagrados a quase 180 km/h, o que, mais que um desrespeito à legislação, é um risco que o condutor impõe a si mesmo e aos demais usuários da rodovia.
É nas estradas que os proprietários de automóveis mais velozes veem a chance de fazer valer o investimento em veículos mais potentes. A legislação de trânsito para esses motoristas é mero detalhe, a prudência foi deixada para trás quilômetros antes. E, quando falta fiscalização, os apressados fazem a festa.
Por isso, quanto mais abordagens nas estradas, melhor. Quanto mais radares para fazer a vigília, noite e dia, mais esses condutores sentirão no bolso o peso das multas e pensarão duas vezes antes de pisar fundo no acelerador. Se o risco de matar ou ferir pessoas nas estradas não é suficiente para uma direção segura, vale manter a mão pesada da fiscalização e das multas.
"Ah, mas radares são indústrias de multa." Interessante perceber que, se essa é mesmo uma forma lucrativa de arrecadação pelo Estado brasileiro, a responsabilidade maior é daqueles que insistem em andar fora das regras. O ex-presidente Jair Bolsonaro fez questão de vilanizar os radares durante o seu mandato, como se os infratores flagrados por eles fossem inocentes.
A violência no trânsito deveria ter para a sociedade o mesmo impacto da violência contra a vida e o patrimônio. Somente no ano passado, foram 827 mortes no trânsito no Espírito Santo, número 2% maior que em 2021. Já o número de homicídios no ano passado foi 998. A brutalidade é quase equivalente, a indignação deveria ser a mesma. A questão é que os crimes de trânsito na maioria das vezes são cometidos por aqueles que não se consideram criminosos.
Alta velocidade é o caminho mais rápido para a morte, mas também para multas pesadas. Dirigir com precaução sempre foi a menor distância entre dois lugares. Para os motoristas que insistem em não seguir o caminho da prudência, sentir o peso da lei é a menor das consequências.
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