O presidente Jair Bolsonaro continua sem ter a mínima noção do seu papel institucional ao dizer que “ninguém tem nada a ver com isso”, para justificar suas próprias irresponsabilidades.
Um dia após descumprir o monitoramento a que foi submetido por ter mantido contato com portadores do coronavírus e cumprimentar apoiadores que se aglomeravam no domingo (15) em frente ao Palácio do Planalto, Bolsonaro lavou as próprias mãos, não no sentido literal e necessário para a saúde pública do país, mas no da falta de comprometimento com uma crise epidemiológica sem precedentes. Pior: o presidente assim estimula comportamentos negligentes na própria população.
Bolsonaro, ao resolver se fazer presente na manifestação que ele mesmo desestimulou em cadeia nacional na sexta-feira (13), acabou descumprindo protocolos recomendados, pasme!, por seu próprio governo. Por mais que o Ministério da Saúde pareça um oásis de sensatez e boa gestão na administração federal, a pasta ainda é subordinada ao presidente, mesmo que Bolsonaro insista em se distanciar tanto dela.
O próprio ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, tratou de puxar a orelha do presidente, reforçando que a orientação de evitar aglomerações para reduzir a transmissão do coronavírus “vale para todo mundo”. Mas não para o “mito” Bolsonaro, para quem a pandemia “é superdimensionada”.
Mesmo que, no planeta, já tenham sido registradas 6.513 mortes desde o início da crise sanitária, no fim do ano passado, na China. Faz sentido, Bolsonaro tem sido desde sempre o tal "mito" que contraria a ciência e o conhecimento aplicado, priorizando um conspiracionismo que só serve para negar o que está na cara: pessoas estão ficando doentes e, se nada for feito, mais gente morrerá. Não é hora para omissão.
O messianismo de Bolsonaro pode estar contribuindo para adoecer um país, por não conseguir dar o exemplo como presidente da República. O apoio popular a ele não é irrestrito, e os impactos para a democracia são sérios. As manifestações, que colocaram o Congresso e o Supremo na mira, tiveram a assinatura do governo, mesmo que tenha se tentado rasurá-la.
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A reação já está em curso, com o presidente do STF, Dias Toffoli, e o ministro Luiz Fux se reunindo com os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia, e do Senado, Davi Alcolumbre, e o ministro da Saúde para discutir a pandemia do novo coronavírus com a seriedade não encontrada no Planalto. Ao dar as mãos para seus simpatizantes neste domingo, colocando todos em risco, Bolsonaro deu as costas para o país.
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