Rampas de acessibilidade, "sala" de coordenadores sem paredes nos corredores, canetas para quadro branco substituindo o giz. Quem está longe das salas de aula há muito tempo percebeu essas mudanças mais evidentes no ambiente escolar ao assistir, nesta quinta-feira (11), ao Bom Dia ES, da TV Gazeta, apresentado por Fabíola de Paula e Mario Bonella diretamente da Escola Estadual de Ensino Médio Professor Renato José da Costa Pacheco, em Jardim Camburi, Vitória.
Neste Dia do Estudante, os telespectadores de todas as idades puderam voltar para a escola através das câmeras do telejornal matutino. A escolha de levar os apresentadores para o local proporcionou uma verdadeira imersão na rotina de estudantes do ensino médio da rede pública. Justamente a fase educacional na qual as decisões sobre o futuro profissional começam a ser tomadas. E onde a evasão escolar faz mais vítimas e é o maior desafio.
Foi possível perceber uma evolução menos visível, mas não menos importante para a educação. Uma mudança que acontece na própria relação dos alunos com a escola. Em 2022, há cada vez mais mais liberdade e diálogo em sala de aula, com os alunos, sobretudo do ensino médio, tendo mais poder de decisão, inclusive sobre a própria organização curricular. O protagonismo do estudante é estimulado, o que já pode ajudar a construir um novo perfil do profissional do futuro.
Mas a experiência do Bom Dia ES não se furtou em expor como a vida extramuros dos estudantes também pode ter impacto no processo de aprendizagem. Duas alunas de Colina de Laranjeiras, na Serra, reclamaram que precisam sair de casa mais cedo para conseguir chegar no horário (às aulas começam às 7h). E ainda enfrentam ônibus lotado, diariamente. Não é exagero constatar o quanto uma rotina extenuante pode desestimular o aluno. O jornal levantou também a discussão sobre o início das aulas passar a ser uma hora mais tarde como forma de aumentar o rendimento escolar.
Outra aluna contou que já foi assaltada quando fazia o trajeto entre a escola e a casa dela, o que confirma que o próprio caminho diário do aluno tem obstáculos que estão além das percepções mais objetivas. Sobretudo para os mais pobres, as adversidades se acumulam. A escola, atualmente, precisa se esforçar para demonstrar relevância na vida desses adolescentes, é uma disputa por atenção da qual ela nem sempre sai vitoriosa.
O uso de celulares, por exemplo, há muito deixou de ser demonizado. A própria pandemia, tão danosa sobretudo para a educação pública, mostrou a necessidade de uma integração tecnológica que não tem mais como ser deixada de lado.
O Bom Dia ES mostrou que a escola está, sim, tentando ser mais interessante, construindo uma relação mais honesta com seus alunos. Obviamente, trata-se de um microcosmo, a experiência de uma única escola de um bairro nobre de Vitória. Mas foi importante ver que, assim como a sociedade se transforma, o impacto dessa mudança é sentido na escola sem que ela dê as costas, alheia ao que deve ser aprimorado.
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