Quem é jovem em 2021 no Brasil tem todo o direito de se sentir desolado. Esta é a geração que, em sua fase de formação, está imersa em uma crise econômica que se arrasta desde a metade da última década e atravessa uma pandemia de proporções inéditas, que veio agravar ainda mais a penúria. No Brasil, são 47,8 milhões de jovens na faixa entre 15 e 29 anos, ou 25% da população, com dificuldades de enxergar perspectivas para o futuro.
No "Atlas das Juventudes", levantamento que produz e sistematiza dados sobre a população mais jovem do país, um dos aspectos investigados se destaca: 70% dos jovens brasileiros acreditam que a vida pode melhorar por meio do trabalho. É um percentual longe de ser irrisório, mas é o mais baixo da América Latina.
Essa percepção é resultado de um emaranhado de fatores que estão explícitos na realidade brasileira, mas um deles certamente se sobressai: o déficit de oportunidades em um país tão desigual. O trabalho é transformador sobretudo quando é resultado de uma formação sólida e da capacitação contínua.
O que só é possível com o acesso à educação de qualidade, que instigue o aluno e coloque o conhecimento como um diferencial para o presente e para o futuro. A escola deve ser sempre a porta para uma vida promissora, não somente para quem pode bancar o ensino privado. No Brasil, ela está fechada.
No Espírito Santo, o governo estadual anunciou na semana passada R$ 1,1 bilhão em investimentos na educação. É a fatia maior do bolo de R$ 9 bilhões do Plano de Investimentos Públicos (PIP). Esses recursos, segundo a Secretaria Estadual de Educação (Sedu) serão aplicados tanto no aprimoramento da infraestrutura da rede própria quanto no apoio em intervenções nas escolas municipais.
Há desde construção de novas escolas e reformas até investimentos em recursos tecnológicos, que com a pandemia se colocaram como prioridades. Ter a educação tão em destaque é um compromisso sério demais, por ser ela o alicerce de qualquer nação que pretenda alcançar o desenvolvimento.
As políticas públicas educacionais, que precisam tratar com zelo sobretudo a educação básica, devem ser guiadas não somente pelos investimentos, que são primordiais, mas também por diretrizes que consigam manter o aluno em sala de aula, ciente da importância do aprendizado.
A educação garante ao estudante o alcance de habilidades específicas que se refletem na própria produtividade de um país, estando assim conectada com o desenvolvimento e a produção de riquezas. Mas a escola também é o berço da cidadania e da civilidade, é onde o indivíduo tem a chance de se emancipar, de definir o seu destino. Sem essa percepção, a educação é um vazio, facilmente deixada de lado e trocada por caminhos mais sedutores.
A pandemia fez sangrar ainda mais as feridas das disparidades educacionais, tornando a fratura exposta. Enquanto alunos do ensino particular conseguiram fazer uma transição para o ensino remoto mais satisfatória, sobretudo pelo acesso à tecnologia, no ensino público o fechamento das escolas foi muito mais traumático. Principalmente nas escolas distantes dos grandes centros urbanos, onde a conexão com a internet é quase uma utopia. Governantes, em todas as esferas, têm um desafio e tanto nas mãos: o empenho para reduzir os danos.
O governo do Estado, ao destinar um valor tão alto na formação dos novos cidadãos, sinaliza suas prioridades e o empenho em mudar essa realidade. Não se constrói o amanhã sem ações que comecem hoje.
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