Apagão dos portos capixabas é o preço que se paga pelo atraso

A concessão do Porto de Vitória foi um passo importante para a modernização das atividades portuárias capixabas, mas é fato que o Espírito Santo paga o preço pelos atrasos do passado e do presente

Publicado em 17/07/2024 às 01h00
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Operação no Porto de Capuaba, em Vila Velha. Crédito: Fernando Madeira

Quem poderia imaginar que um grande feito para o Porto de Vitória neste ano, o aumento de 58% da movimentação de contêineres, provocaria também uma crise com o setor produtivo capixaba, mais especificamente os exportadores de café e rochas ornamentais? Qualquer um que conheça os gargalos logísticos históricos do Espírito Santo.

O ponto-chave da reclamação dos empresários está no esgotamento da capacidade de operações portuárias, o que está prejudicando a competitividade das exportações. Os valores das importações cresceram 72,2% no primeiro semestre de 2024 na comparação com o mesmo período do ano passado, com destaque para os veículos elétricos, enquanto em relação aos valores exportados o avanço foi de 12%.

Assim, o Porto de Vitória, com suas deficiências para receber navios maiores e de retroárea, não está suportando a demanda. A Vports,  concessionária responsável pelo complexo desde a privatização da Codesa, em 2022, na ocasião colocou o aumento do calado como prioridade. E afirma que, desde então, tem feito investimentos para aumentar a capacidade de armazenagem.

As limitações dos portos capixabas estão gritando neste momento justamente porque a atratividade do complexo portuário explodiu, principalmente a importação dos automóveis elétricos. Não é novidade alguma a posição estratégica do Espírito Santo no país, com um potencial logístico ainda pouco explorado. E, paradoxalmente, com uma infraestrutura desde sempre defasada. Um desperdício de oportunidades. Mas elas estão aparecendo.

Como disse o CEO da Vports, Gustavo Serrão, à coluna de Abdo Filho, "infraestrutura não se faz de uma hora para outra".  E é justamente por isso que não dá para continuar perdendo tempo. A concessão do Porto de Vitória foi um passo importante para a modernização das atividades portuárias capixabas, mas é fato que o Espírito Santo neste momento paga o preço pelos atrasos do passado e do presente.

O que só vai se resolver com um cardápio com mais opções de portos: o início das obras do Porto Central, em Presidente Kennedy, é ansiosamente aguardado. porto da Imetame, em Aracruz, é esperado para o segundo semestre do ano que vem. O Portocel, também no município do Norte do Estado, vem promovendo expansões para se diversificar e recebeu seu primeiro navio com veículos no mês passado.

E que venham mais investimentos para que não só os setores produtivos capixabas não percam espaço, mas para que a produtividade dos portos possa crescer sem medo.

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