Apagão em SP é a confirmação de que somos mesmo um país de terceiro mundo

A tristeza é a comparação com o que acontece lá fora. A própria Flórida já se preparava para a reconstrução antes mesmo da passagem do furacão

Publicado em 16/10/2024 às 01h00
Luz elétrica
Luz elétrica. Crédito: Divulgação

Parece inacreditável, mas a falta de energia elétrica na região metropolitana de São Paulo ainda atingia nesta terça-feira (15) cerca de  220 mil imóveis. Desde a sexta-feira (11), quando uma ventania de mais de 100 km/h provocou danos na rede elétrica, mais de 1,8 milhão de clientes tiveram os serviços normalizados em meio ao caos instalado na maior metrópole do país.

Em sua passagem pela Flórida, nos EUA, na última semana, o furacão Milton também provocou estragos, o que era esperado. No sábado (12), contudo, havia mais imóveis sem luz em São Paulo (1,45 milhão) do que no estado norte-americano (1,35 milhão) que atravessou um evento climático extremo. Uma comparação sem muita metodologia, é verdade, mas que ajuda a dar a dimensão da precariedade do fornecimento de energia em São Paulo após uma ventania.

Uma série de levantamentos com dados sobre interrupções de energia em municípios atendidos pela Enel, a concessionária de energia de São Paulo, mostra também o quanto a região metropolitana que sofre atualmente com a falta de luz é maltratada. A cidade fica cerca de 5 vezes mais tempo sem energia que outros municípios na Itália e no Chile, por exemplo. A informação foi divulgada pela Folha de S. Paulo.

Embora haja a alegação de que a infraestrutura de energia na cidade seja mais vulnerável a eventos climáticos, já que em São Paulo 94% da rede é aérea, fica a sensação de que, no Brasil, mesmo as multinacionais não se movimentam para deixar engatilhados planos de contingência que consigam ser implementados nos momentos de crise. No poder público, estamos ainda mais acostumados com isso. O blecaute em São Paulo é só o caso mais recente.

No Espírito Santo, o rompimento de uma represa em dezembro de 2022 durante fortes chuvas abriu uma cratera na BR 101, em São Mateus. O primeiro prazo dado pela concessionária Eco101 para a entrega da obra foi de 60 dias, ou seja, em fevereiro de 2023. A liberação acabou só ocorrendo em maio daquele ano. Em termos brasileiros, passou do prazo, mas nem levou tanto tempo assim.

A tristeza é a comparação com o que acontece lá fora. A própria Flórida já se preparava para a reconstrução antes mesmo da passagem do furacão. E um dos casos mais emblemáticos, que merece ser contato e recontado quantas vezes for necessário, é o do Japão durante o terremoto de 2011, quando uma estrada destruída foi completamente reconstruída em seis dias pela empresa responsável.

Poder público e empresas no Brasil nem precisariam ser tão eficientes assim, bastaria que tivessem uma capacidade resolutiva mais desenvolvida. Por aqui, inexiste a cultura de se antever aos problemas, eles precisam acontecer em toda a sua magnitude para que se comece a dar atenção a eles. O que São Paulo está passando, neste momento, é uma vergonha. Isso, de alguma forma, precisa começar a mexer com o nosso brio, para que alguma mudança aconteça.

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