Assédio na escola é violência que subverte lição básica para todo professor

No primeiro dia na escola, todos aprendem que se deve respeito aos mestres. Mas certos professores, com a visão distorcida da própria profissão, é que ainda não aprenderam a respeitar seus alunos. Assédio é crime

Publicado em 19/08/2022 às 02h00
Abuso
Assédio nas escolas é crime e deve ser combatido. Crédito: Pixabay

Há um distanciamento que se faz necessário entre alunos e professores, para que certos limites não sejam ultrapassados nesse relacionamento tão importante na fase de desenvolvimento de crianças e adolescentes. É questão de equilíbrio: os docentes devem estar próximos e acessíveis, abertos ao diálogo e à conversa, fundamentais para o desenvolvimento educacional dos alunos. Mas qualquer tipo de permissividade que rompa os objetivos didáticos deve ser censurada.

Em Aracruz, estudantes fizeram um protesto contra um professor da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio (EEEFM) Primo Bitti, suspeito de enviar mensagens para alunas nas quais teria feito brincadeiras e elogios inoportunos.  Os prints divulgados, que ainda precisam ser investigados pelas autoridades, expuseram uma situação equivalente ao flerte: aceitável entre adultos, inadmissível entre professores e adolescentes. Até os horários das mensagens que aparecem nas imagens são inadequados, durante a madrugada.

A Secretaria de Estado da Educação (Sedu) informou que registrou um Boletim de Ocorrência, e a Polícia Civil divulgou que a investigação será da Delegacia Especializada de Proteção à Criança, ao Adolescente e ao Idoso de Aracruz. É esse o protocolo mais adequado para esses casos, o que possibilita que autoridades policiais e judiciais possam encaminhar a investigação e, assim, garantir também o direito de defesa ao suspeito.

Não é exagero dizer que o ambiente escolar é sagrado. Mas há os casos em que é maculado por aqueles que deveriam zelar por crianças e adolescentes. Por lidar com indivíduos em fase de desenvolvimento, um educador deve entender o seu papel e a influência que exerce sobre quem ocupa as carteiras em sala de aula. Somente na rede pública estadual, há 21 casos suspeitos de assédio sexual nas escolas, de acordo com a Sedu. E o tipo de abordagem pode ir além do assédio verbal, chegando também ao físico.

Em Conceição da Barra, um professor da Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Doutor Mario Vello Silvares foi acusado de acariciar crianças, o que motivou as mães a denunciarem o docente à polícia. As meninas estão na faixa dos dez anos.

Lecionar coloca o professor em uma função hierárquica superior a do aluno, o que faz com que qualquer insinuação de cunho sexual se configure como assédio. Há constrangimento físico e emocional envolvido, quando deveria se estabelecer a confiança.  São situações que deixam marcas indeléveis nesses jovens.

É importante que a sociedade esteja cada vez mais atenta ao comportamento dos educadores, é preciso orientar crianças e adolescentes sobre condutas inadequadas que podem ser consideradas assédio sexual, sobretudo pelas consequências negativas desse crime tão abjeto para o processo de aprendizado e para a própria vida de alunos e alunas.

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