Aumento da conta de energia afeta o bolso e a retomada econômica

Aumento das bandeiras tarifárias já passou a valer nesta quinta-feira (1°), com possibilidade de novo aumento em agosto.  Energia mais cara pode ser um obstáculo para a atividade econômica

Publicado em 02/07/2021 às 02h00
Conta
Conta de energia vai ficar mais cara com aumento na bandeira tarifária. Crédito: Pixabay

A chegada do segundo semestre traz boas perspectivas para o controle da pandemia e a expectativa da retomada econômica no país. Mas os possíveis impactos da crise hídrica já começam a chacoalhar as bases desse almejado reaquecimento da atividade econômica. Nesta quinta-feira (1º), passou já a valer o aumento das bandeiras tarifárias, uma medida compensatória pelo aumento dos custos de produção de energia, já que, com a geração nas usinas hidrelétricas comprometida, a produção nacional passa a depender das térmicas, que têm operação mais cara. 

A bandeira vermelha 2, o patamar mais alto e justamente a que vigora atualmente, teve o expressivo reajuste de 52%, saltando de R$ 6,24 para R$ 9,49 por 100 kWh consumidos. Além do inescapável impacto que o consumidor terá na conta de energia elétrica, que deve ter um aumento médio de 5,25% no Espírito Santo, o encarecimento vai pesar sobre os valores da produção de bens ou serviços. Trocando em miúdos, o custo de vida não sairá ileso.

A estimativa é de pressão ainda maior sobre a inflação deste ano. Enquanto especialistas calculam que o aumento deve levar o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) a fechar 2021 em 6,4%, acima do teto da meta, no dia a dia o aumento de preços não deve dar trégua. Uma péssima notícia para um país que não consegue superar suas crises, apenas acumulá-las. 

As famílias de baixa renda sentirão o peso das contas mais caras em seus frágeis orçamentos domésticos, também afetados pelo aumento de preço dos alimentos. Sem falar na situação de redução de salário e renda ou de perda de emprego vivenciada por uma boa parcela da população. Qualquer aumento é muito significativo para quem precisa se equilibrar entre as contas do mês. 

O sistema de bandeiras, adotado pela Aneel desde 2015, identifica a necessidade do pagamento de uma taxa extra embutida na conta, em decorrência dos custos adicionais que variam de acordo com as condições melhores ou piores na geração de energia naquele momento. Portanto, trata-se de um aumento sobre algo que já excede o valor da conta. E as bandeiras devem sofrer um novo aumento já em agosto. A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) já abriu consulta pública para nova correção de valores, com a bandeira vermelha 2 chegando a R$ 11,50. Ao consumidor, só resta encomendar as velas.

No Espírito Santo, o consumo de energia elétrica  cresceu 16,5% na primeira quinzena de junho em comparação com o mesmo período de 2020. Entre indústrias e shoppings, o aumento foi de 35,2%. A explicação para essa diferença de um ano para o outro é um tanto óbvia, já que no mesmo período de 2020, com a pandemia, as medidas restritivas estavam mais rígidas. No segundo semestre de 2021, as expectativas para a recuperação da atividade econômica caminham ao lado dos bons prognósticos, sobretudo a vacinação atingindo a maior parte da população.

A iminência de um racionamento energético terá impacto econômico, com a adesão dos setores produtivos, sobretudo a indústria e o agronegócio no Estado. E o encarecimento da produção, com os valores mais altos de energia, também sinaliza um possível retardamento  da recuperação econômica, afetando a geração de empregos.  E isso no pior momento possível, quando o país começa a voltar a respirar, ainda em meio à crise sanitária.

A busca por mais eficiência energética, nos setores da indústria, serviços e comércio, deverá ser uma importante demanda. Reportagem do Valor Investe mostrou que, desde o começo do ano, quando já se anunciava a crise energética, clientes do mercado livre, que escolhem o próprio fornecedor, intensificaram a busca por tecnologias que racionalizem o consumo de energia. Virou questão de sobrevivência. 

Em 2021, duas décadas após o "apagão de 2001", os brasileiros já começam a encarar as consequências dessa nova crise energética no bolso. É mais um percalço. Neste mesmo espaço, há duas semanas, mostrou-se que o país evoluiu em alguns aspectos nesses 20 anos: a matriz energética é mais diversificada, com menor dependência hidrelétrica, e houve ampliação nas redes de transmissão. Mas ainda se sente a ausência de um projeto energético mais conectado com energias limpas.  Os impactos da falta de alternativas são sentidos em momentos como o atual, quando há um encarecimento da energia justamente pelas dificuldades de produzi-la.

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