Em um momento em que o país debate a necessidade de aliar equilíbrio dos gastos públicos com a urgência de recuperar os danos da crise econômica, a Câmara da Serra dá um passo para trás. Dezessete dos 23 vereadores da cidade votaram a favor de criar duas novas vagas no Legislativo da cidade, em um impacto aos cofres que não sairá por menos de R$ 1 milhão por ano. Também disseram "sim" ao direito de receber reajuste anual, na mesma proporção concedida aos servidores da cidade. Anda na contramão da razão e da sensibilidade.
Não é o único projeto que promete aumentar as despesas municipais com benesses aos próprios edis. A criação de auxílio-alimentação, já aprovado, aguarda aprovação do prefeito. Ainda tramita a instituição de 13º salário. O cálculo total de todas as medidas não foi apresentado pela Câmara. Nem sequer constam nas propostas. Será que foi feito?
Entre as atribuições de uma câmara de vereadores está a vigilância dos atos do Executivo, sob os prismas, entre outros, da legalidade, moralidade economicidade, eficiência e ética político-administrativa. Deveriam, também, observar esses critérios em suas próprias decisões. As propostas não são ilegais, mas são imorais. Há, certamente, uma infinidade de outras ações que tomam a dianteira na lista de prioridades do município. Investimentos em programas sociais e educação, áreas tão afetadas na pandemia, estão nos primeiros lugares.
É crucial expor as desigualdades, colocar esses dois mundos na balança: o dos políticos com suas benesses e o da população, formada por uma maioria que luta pelo pão de cada dia. Os nobres edis não devem contrariar os interesses da sociedade que eles mesmos representam. Em vez de dar as costas para a realidade, devem encarar sua missão.
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