O Espírito Santo tem muito a celebrar ao ter atingido a marca de 4 milhões de doses aplicadas contra a Covid-19, no último sábado (4). Um número significativo, que coroa a organização do governo estadual e das prefeituras, principalmente diante de um início caótico marcado pela escassez de imunizantes em razão da demora do planejamento federal.
Esse sucesso, até o momento, comprova o peso da expertise acumulada pelo sistema de saúde brasileiro, um exemplo internacional na implementação de programas de vacinação em massa. E é importante ressaltar que o Espírito Santo foi pioneiro na compra de insumos e na organização do esquema de vacinação na pandemia
Esse número significativo também é importante por ter sido alcançado quando está sendo iniciada a vacinação da terceira dose em idosos, uma garantia de mais proteção aos grupos etários mais vulneráveis à Covid-19. Algumas prefeituras já iniciaram essa etapa, que mais uma vez depende da adesão das pessoas.
Não há como negar que, até o momento, as duas doses aplicadas neste público foi responsável pela brusca redução de casos graves e mortes entre a população mais idosa no Estado. Os casos excepcionais com mais gravidade não reduzem a relevância desse primeiro ciclo vacinal, que começa agora a ganhar uma rodada de reforço.
Cada vez mais, há consenso entre epidemiologistas e infectologistas de que a vacinação contra a Covid-19 deverá compor um calendário, ainda sem periodicidade definida. Os idosos que agora recebem mais uma dose se enquadram nessa perspectiva, que não se distingue de uma série de doenças infecciosas que dependem de doses regulares para estarem sob controle na sociedade. A imunização, desde os primórdios, é um pacto social, na qual cada indivíduo vacinado protege a si mesmo e a todos, impedindo que vírus circulem sem barreiras.
O governo estadual trabalha com a expectativa de que, até o Natal deste ano, toda a população atualmente apta a receber a vacina (pessoas a partir de 12 anos) tenha recebido as duas doses, completando assim o esquema vacinal. O que não impede que doses de reforço também venham a ser necessárias nos próximos anos. A comunidade científica internacional continua empreendendo esforços de pesquisa para ter cada vez mais controle sobre a duração da imunidade adquirida com as vacinas.
Nesse contexto, é temerário que o Orçamento de 2022 tenha um corte de 85% nos recursos para a aquisição de imunizantes, chegando a R$ 3,943 bilhões. O valor autorizado para 2021 foi de R$ 27,8 bilhões, realizado com a edição de créditos extraordinários. É natural que a verba para vacinas seja menor no próximo ano, mas uma redução tão expressiva acende o alerta.
O planejamento do Ministério da Saúde que embasou essa previsão de gasto não deixou explícito se a pasta levou em conta a possibilidade de revacinação de toda a população no próximo ano. Mesmo que não exista certeza sobre o reforço, ele não pode ser simplesmente descartado. O Brasil precisa estar preparado para os piores cenários.
Não somente a proliferação da variante Delta é motivo de alerta, mas de outras que venham a surgir. A pandemia ainda está matando muitos brasileiros diariamente, não há controle. Estar preparado para possíveis refluxos, com planos de contingência, não é pessimismo. É inteligência gerencial.
Este vídeo pode te interessar
LEIA MAIS
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta.