A esta altura da pandemia, a chegada do fim de semana inaugura uma verdadeira arena pública, na qual o embate gira em torno de uma questão: já é o momento adequado para se voltar a ter vida social? Isso porque vídeos e fotos de pessoas se divertindo em bares e até mesmo em eventos sociais clandestinos na Grande Vitória, em grande parte sem praticarem o distanciamento ou fazerem uso de máscara, espalham-se por redes sociais e grupos de WhatsApp, gerando todo tipo de burburinho.
Compreende-se o desgaste emocional das pessoas após cinco meses de uma quarentena que não foi cumprida à risca por todos, mas nada consegue explicar o descaso com os cuidados para se evitar a transmissão do novo coronavírus. Da mesma forma que não se minimiza o drama dos empresários dos setores de bares, restaurantes e eventos, profundamente afetados pela paralisia econômica. Contudo, o descumprimento das regras para garantir a segurança sanitária, repetidas à exaustão, é cada vez mais flagrante.
O caso de Vitória acabou se tornando emblemático com a lei promulgada pela Câmara municipal que flexibilizava as regras de funcionamento do comércio, permitindo que bares mantivessem as portas abertas até 22h. A medida, que passava por cima do decreto estadual que condiciona o funcionamento ao grau de risco de cada município, acabou derrubada por decisão judicial.
Até esta sexta-feira (28), a Grande Vitória se encontrava em risco moderado, o que significa que restaurantes podem funcionar diariamente, até as 18 horas. Já entre os bares, o funcionamento só é permitido aos que possuem registro de bar e restaurante, com encerramento das atividades também às 18h. O distanciamento mínimo de dois metros entre as mesas para receber a clientela é uma das regras que devem ser cumpridas.
As imagens que circulam no ambiente virtual comprovam que o descuido generalizado é a ordem, com aglomerações em frente a bares ou distribuidoras de bebidas, chegando a varar a madrugada. É importante frisar que mesmo quando a Grande Vitória passar a ser classificada como risco baixo, isso não decretará o fim da pandemia. Medidas de distanciamento permanecerão sendo elementares para o funcionamento dos estabelecimentos, o que continuará exigindo uma atuação rigorosa das fiscalizações municipais. A consciência da própria cidadania precisa balizar as atitudes de todos, nessas circunstâncias.
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É questão de humanidade se sensibilizar com os empresários do setor diante da vulnerabilidade econômica, mas não se pode fazer vista grossa para os abusos registrados abundantemente nas últimas semanas. O funcionamento irregular de bares e a realização de festas clandestinas criaram um cenário que remete à Lei Seca norte-americana, nos anos 1920, com a diversão virando caso de polícia. Não precisa ser assim: se todos cumprirem as regras, mais rapidamente se dará a redução do risco e a consequente flexibilização.
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