O nome da primeira-dama Michelle Bolsonaro, que ainda está se recuperando da Covid-19, voltou aos holofotes com a revelação de que os valores repassados por Fabrício Queiroz a sua conta foram superiores aos informados e mais frequentes do que quando houve as primeiras denúncias envolvendo o ex-assessor de Flávio Bolsonaro.
Na última sexta-feira (07), a revista Crusoé teve acesso a extratos bancários que comprovam que as transações de Queiroz com a mulher do presidente foram superiores aos R$ 24 mil, alegados pelo próprio Jair Bolsonaro como parte de uma dívida. Diante do silêncio ensurdecedor no Palácio do Planalto desde então, é possível que a família presidencial tenha sentido o golpe.
As novas suspeitas têm peso por apontarem uma recorrência nos repasses não condizentes com a justificativa pontual de quitação de uma suposta dívida de R$ 40 mil de Queiroz com o presidente. Os depósitos dos cheques ocorreram em dois períodos. Entre 2011 e 2013, Queiroz e a esposa dele pagaram cerca de R$ 40 mil em cheques à primeira-dama.
Em 2016, foram depositados nove cheques de R$ 4 mil. Valores que, somados, passam dos R$ 70 mil, superando tanto os R$ 24 mil até então revelados quanto os R$ 40 mil da suposta dívida endossada pelo presidente. O silêncio incomoda. As explicações anteriores passam a não se sustentar, sem que haja qualquer manifestação do presidente até o momento.
Enquanto isso, Fabrício Queiroz permanece em prisão domiciliar, benefício que pode estar com os dias contados, já que existe a possibilidade de o ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Félix Fischer revogar a decisão concedida durante o recesso do Judiciário pelo presidente da corte, João Otávio Noronha.
Fischer volta nesta terça-feira (11) de licença médica, o que já fez a defesa de Queiroz e de sua esposa protocolar seu primeiro habeas corpus no Supremo Tribunal Federal (STF), no qual é solicitada a revogação da própria prisão domiciliar, suspendendo qualquer restrição de liberdade.
O caso Queiroz assombra cada vez mais o Planalto. A amizade de mais de 30 anos se equilibra sobre o escândalo das rachadinhas na Assembleia do Rio, quando Flávio era deputado e Queiroz, seu assessor. Considerado o operador do esquema, ele foi preso em Atibaia por estar obstruindo as investigações. O próprio Flávio Bolsonaro confirmou, em entrevista ao Globo, que o ex-assessor realizou pagamentos em seu nome.
Os depósitos na conta de Michelle Bolsonaro colocam o presidente perto demais do esquema investigado pelo Ministério Público do Rio de Janeiro. Não dá para fazer vista grossa diante das suspeitas, o caso precisa ser investigado a fundo e devidamente esclarecido, para que não pairem dúvidas sobre a probidade do presidente.
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Jair Bolsonaro foi eleito sobretudo por defender a moralização na política e o combate à corrupção. "Rachadinha" pode não render tanto quanto os propinodutos da Petrobras que fizeram a festa na era petista, é considerada até mesmo corrupção de segunda categoria. Mas não deixa de ser corrupção. É sempre o dinheiro do povo apropriado indevidamente por quem deveria protegê-lo.
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