BR 262: as voltas da rodovia estão mais perto de chegar a algum lugar

O que se exige, a esta altura, é que a BR 262 saia da mesmice. As melhorias são imprescindíveis para tornar a infraestrutura capixaba minimamente competitiva

Publicado em 15/06/2023 às 01h01
Rodovia
BR 262. Crédito: Divulgação/ Defesa Civil

Os 180,6 quilômetros da BR 262 entre Viana, na Grande Vitória, e a divisa do Espírito Santo com Minas Gerais — o trecho a ser duplicado em território capixaba — sempre pareceram mais extensos do que são na realidade. Não pela quantidade excessiva de curvas que ligam um ponto ao outro ou pelos constantes engarrafamentos nos feriados, mas pela jornada repleta de obstáculos para a modernização da via. Dos fiascos dos leilões sem interessados à desistência de realizar as obras de duplicação com investimentos privados, lá se vão dez anos.

Mas, nesta terça-feira (13), acendeu-se a luz no fim do túnel (que passará a fazer parte da paisagem da BR 262, caso tudo dê certo). O governo federal autorizou  a elaboração dos projetos básicos de engenharia que incluem a duplicação e a restauração da rodovia e  Estudo de Impacto Ambiental/Relatório de Impacto Ambiental (EIA/RIMA). O investimento é de R$ 22,2 milhões.

No horizonte de Brasília, o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) planeja licitar a primeira etapa da obra a partir do segundo semestre do ano que vem, colocando como prioridade os 87 quilômetros  que conectam Viana e Venda Nova do Imigrante. A agilidade da execução das obras vai depender da inclusão da BR 262 no "novo PAC", o pacote de investimentos em infraestrutura previsto para ser lançado em julho pelo presidente Lula.

É nesse ponto que devem entrar em ação não só o governo estadual, como a bancada capixaba. É o momento de mobilização e engajamento do Espírito Santo por essa agenda que se arrasta há tempo demais. Mais do que aparecerem na foto, os representantes políticos precisam entregar resultados. A conexão do Espírito Santo com Minas Gerais precisa ser mais segura para seus usuários, a BR 262 é um gargalo pelos riscos de seu traçado ultrapassado e por não suportar o tráfego de veículos e cargas atualmente incompatível com sua estrutura. 

A concessão das obras à iniciativa privada foi inviabilizada pelo alto custo da intervenção viária, diante das características geográficas e geológicas da região. Os recursos, agora encaminhados, serão públicos, com a esperança de que a manutenção e a conservação da via, no futuro, tenham gestão privada. O que se exige, a esta altura, é que a BR 262 saia da mesmice. As melhorias são imprescindíveis para tornar a  infraestrutura capixaba minimamente competitiva. O Espírito Santo, lamentavelmente, continua desperdiçando seu potencial.

O governo federal está colocando a BR 262 na linha. A população capixaba, cansada de esperar,  não quer e não merece mais passar por tantos desvios. Estaremos atentos, como sempre.

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