Não são duas notícias, uma boa e outra ruim. É uma mesma notícia, com aspectos positivos e negativos. O Ministério da Infraestrutura anunciou que adiou o leilão das BRs 381 e 262, em Minas Gerais e Espírito Santo, do dia 25 de novembro para 20 de dezembro. Seria mais um balde de água fria na esperança dos capixabas de ver o fim da novela das urgentes obras na rodovia, não fosse o motivo: o grande interesse de investidores no pregão.
É curioso, mas plausível. O adiamento partiu de um pedido de empresas e fundos de investimento, alegando que precisam de mais tempo para analisar o edital e calcular seus lances. Segundo informações do Valor Econômico, o fundo Pátria e as empresas espanholas Sacyr e Acciona deixaram claro que o prazo adicional é para refinar propostas. Outra companhia que estaria de olho no certame da 262 é a CCR, que briga nesta sexta-feira (29) pela manutenção da concessão da Rodovia Presidente Dutra, naquele que é o maior leilão rodoviário do país.
A entrada de grandes players na jogada é um bom sinal, sobretudo pelo histórico de fracasso na concessão da BR 262. Em 2013, a rodovia não recebeu nenhum lance, enquanto a BR 050, leiloada no mesmo dia, teve oito propostas. Outra aparente mudança nos ares a ser comemorada é o interesse de grupos internacionais, isso porque os últimos pregões de rodovias vinham atraindo poucos estrangeiros, preocupados com a instabilidade política no país e com os rumos incertos na gestão das crises sanitária e econômica pelo governo.
Agora, a parte ruim. Há um receio de que este novo adiamento atrase ainda mais o cronograma de obras na Rodovia da Morte, com prejuízos incalculáveis à vida de motoristas e passageiros. Também posterga ainda mais a redução de gargalos logísticos do Espírito Santo. A publicação oficial do vencedor deve ocorrer em 7 de janeiro de 2021. Com o prazo para apresentação e julgamento de recursos, a previsão é de que o contrato seja assinado em abril do ano que vem.
O ministro da Infraestrutura, Tarcísio Freitas, disse que espera “uma grande competição”, ao justificar o novo adiamento. Os capixabas esperam um bom desfecho, antes tarde do que mais tarde. A tão sonhada duplicação completa, de Viana à divisa com Minas Gerais, só sairá em 2042. É uma longa estrada. Um percurso de 70 anos de separação entre a inauguração da BR 262, com traçado sinuoso e há tempos obsoleto, e a sua modernização. É preciso evitar novos desvios.
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