O novo edital para a concessão da BR 381, em Minas Gerais, foi lançado nesta segunda-feira (25) da forma que já era esperada: sem a BR 262. Nenhuma novidade. Mesmo assim, a oficialização da exclusão da rodovia do leilão ajuda a alimentar a ansiedade sobre o futuro da infraestrutura rodoviária capixaba após o abandono da concessão da BR 101 pela EcoRodovias, no último dia 15.
O balde de água fria na entrega da BR 262 à iniciativa privada já havia sido anunciado pelo governo federal em junho, quando também foi antecipado que a decisão era definitiva: a intenção passou a ser a realização da duplicação com recursos públicos, a cargo do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit). Contudo, em um movimento que ainda precisa ser mais bem explicado à sociedade, o dinheiro viria da repactuação do acordo relativo à tragédia de Mariana com os governos do Espírito Santo e Minas Gerais. Como funcionaria uma obra federal com recursos estaduais?
A experiência mostra a incapacidade do Estado brasileiro na condução desses grandes projetos. Não é só por falta de recursos, mas também por incompetência gerencial. Em breve, caso a duplicação se oficialize de fato como uma obra pública, a sucessão de atrasos deve fazer parte da paisagem. Surpresa será se não for assim.
Ao mesmo tempo, foi inaceitável a morosidade nas entregas da duplicação da BR 101 nos quase dez anos de concessão. Como defendido no editorial da última sexta-feira (22), só um redesenho contratual pode salvar a BR 101, mais conectado com as novas dinâmicas das concessões, considerando riscos econômicos e com segurança jurídica para as empresas e para o Estado.
Sem exageros, dá para afirmar que os meses de junho e julho de 2022 trouxeram as piores notícias possíveis para as duas importantes rodovias federais do Estado. Dois eixos dos quais dependem toda a logística rodoviária capixaba e que parecem condenados a ficarem sempre para trás, desperdiçando o potencial de competitividade estadual. Competitividade que gera empregos e riquezas. É possível acabar com essa sina, o Espírito Santo pode transformar esse destino.
O governador Renato Casagrande tem o compromisso de fazer avançar as duas agendas em Brasília, assim como a bancada federal tem de estar articulada pelos interesses da infraestrutura capixaba. Lutar pelas rodovias federais que atravessam o Espírito Santo deve ser a prioridade dos nossos parlamentares: os senadores Marcos Do Val (Podemos), Fabiano Contarato (PT) e Luiz Pastore (MDB) e os deputados federais Da Vitória (PP), Amaro Neto (Republicanos) Felipe Rigoni (União Brasil), Paulo Foletto (PSB), Lauriete (PSC), Norma Ayub (PP), Soraya Manato (PTB), Evair de Melo (PP), Neucimar Fraga (PP) e Helder Salomão (PT).
LEIA MAIS EDITORIAIS
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta.