Nesta véspera de um novo ano, o Brasil deve estar se preparando para se reposicionar como nação, com um presidente democraticamente eleito a (re)assumir o Palácio do Planalto. Em um pleito com confirmada lisura. Luiz Inácio Lula da Silva deve se comprometer a ser o governante de todos os brasileiros, após derrotar Jair Bolsonaro nas urnas com uma diferença de 1,72 ponto percentual.
A mentalidade polarizada não vai desaparecer do dia para a noite. Não há espaço para tamanha ingenuidade a esta altura. Mas pequenos passos devem ser dados nesse sentido. O mais importante será a retomada do debate político dentro do jogo democrático, paulatinamente. Com as instituições a pleno vapor.
Lula, ao assumir o cargo, não terá salvo-conduto para fazer o que quiser. E essa é a beleza da democracia, com seus freios e contrapesos. Sempre escancarada para as vozes dissonantes e a oposição.
O Brasil tem pressa. O país do futuro insiste em se manter preso ao passado, ao não estabelecer as bases de um desenvolvimento pleno, com geração de riquezas, educação de qualidade, saúde acessível, redução das desigualdades. Com eficiência do serviço público. É basicamente essa a agenda que deve unir a sociedade. O restante, sobretudo as pautas de comportamento, é coadjuvante. O Brasil precisa se unir em torno de suas urgências.
O combate à fome e à miséria que afligem tantos brasileiros é uma das prioridades. O controle da inflação, a expansão da renda, a geração de empregos, o estímulo ao empreendedorismo, a redução da violência. Tudo aquilo que gera crescimento, tudo aquilo que garante qualidade de vida e dignidade. São esses os pontos que fazem a diferença. O Brasil precisa engatilhar suas reformas estruturantes para parar de girar em torno das infindáveis crises políticas. A corrupção deve ser atacada com os mecanismos de transparência, e a atuação da imprensa livre é fundamental.
O Brasil precisa aproveitar as oportunidades e buscar a modernização estatal. Privatizações são, sim, necessárias, apesar da recusa antecipada do novo governo em seguir com um programa de concessões. O país perde muito com essa visão retrógrada, e é importante que o debate público esteja aberto para uma mudança de rumo. O país precisa de investimentos em infraestrutura.
A preocupação com a elevação do gasto público não é sem razão, com a PEC da Transição flexibilizando em R$ 145 bilhões o teto de gastos até 2023. A recomposição orçamentária para dar amparo às famílias carentes é uma necessidade humanitária, sobretudo após a tragédia pandêmica. Mas a assistência social acaba sendo a justificativa para abrir as torneiras sem fazer uma intervenção mais racional nas despesas. Com o risco de se manter como regra, não exceção.
Responsabilidade fiscal é o que pode favorecer a redução da pobreza de forma perene, com um ambiente favorável para o crescimento sustentável.
O Brasil tem feridas abertas, que não serão curadas imediatamente. Mas é preciso zerar esse jogo para começar a sair do atoleiro. É hora de olhar para frente.
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