Brasil pode fazer mais por seus atletas e virar potência olímpica

O que falta é a valorização perene do esporte, aquela que não se apaga com a pira olímpica para ser acesa novamente só daqui a quatro anos

Publicado em 12/08/2024 às 01h00
Olimpíada de Paris
Rebeca Andrade e Beatriz Souza no pódio. Crédito: Alexandre Loureiro / COB

Quando Rebeca Andrade destronou a "máquina" Simone Biles e conquistou a medalha de ouro na apresentação no solo nas Olimpíadas de Paris, o brasileiro sentiu o gostinho de ser uma potência olímpica em uma prova. Rebeca, inclusive, se tornou a maior medalhista da história do país.

Assim como a também dourada judoca Bia Souza, Rebeca é beneficiada pelo Bolsa-Atleta do governo federal, criado há 20 anos. A dupla Ana Patrícia e Duda, que levou o ouro no vôlei de praia, também.  Em relação às medalhas do Brasil computadas até a última sexta-feira (9), 87,3% delas foram conquistadas por atletas bolsistas. Não se questiona aqui a relevância do Bolsa-Atleta, principalmente nas modalidades nas quais o Brasil construiu uma história olímpica, portanto.

O que chama atenção é que temos nossos  heróis olímpicos, mas não conseguimos sair do lugar no cômputo geral, como uma potência esportiva.

Principalmente no que diz respeito ao ouro olímpico, o lugar do pódio onde estão os atletas de excelência, as "Simone Biles" de cada esporte. Aqueles que viram referência, que "colocam medo" nos adversários. Como o Brasil já foi no futebol.  O país tem dimensão geográfica, população e até mesmo características climáticas favoráveis para disputar qualquer esporte olimpíco com muita qualidade. Por que não se tornar uma potência olímpica, estando pelo menos entre os 10 no quadro de medalhas?

Em Tóquio, com as setes medalhas de ouro, ficou a sensação de aquele poderia ser o momento da virada. Paris trouxe emoção e garra de nossos atletas, e resultados importantes. Principalmente para as mulheres, as protagonistas desta edição. Mas essa aguardada virada não se consolidou.

O que falta é a valorização perene do esporte, aquela que não se apaga com a pira olímpica para ser acesa novamente só daqui a quatro anos. O esporte deveria estar totalmente atrelado às políticas educacionais, inclusive nas universidades, para estimular e desenvolver novos talentos nas mais diversas modalidades. Uma criança, sozinha, jamais saberá por conta própria que se destaca, por exemplo, na natação, sem entrar na piscina com a orientação de um professor. É assim que se formam atletas que, ao decidirem seguir esses passos, poderão atingir o alto rendimento e entrar no radar do próprio Bolsa-Atleta.

Hoje o país tem ilhas de excelência, para onde os patrocínios acabam se voltando. Os investimentos privados também deveriam ser estimulados a se pulverizar, apoiando esportistas na base e colhendo resultados no futuro.

Investir no esporte com seriedade e consistência vai colocar o Brasil num caminho sem volta: o esporte melhora a vida das pessoas, ajuda a moldar o comportamento em sociedade com sua filosofia de competição saudável e cria perspectivas para crianças e jovens. Até a segurança pública se beneficia. Nessa jornada, o país ainda pode colher relevância internacional, com mais atletas prontos para estar na elite a cada novo ciclo olímpico. É um ganha-ganha de ouro.

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