Buracos na Leitão da Silva são retrato da baixa qualidade das obras viárias

Situação da importante avenida de Vitória após três anos de sua remodelação é emblemática, mas infelizmente não é um caso isolado

Publicado em 06/12/2022 às 01h01
Chuva
Buracos se destacam na Avenida Leitão da Silva, em Vitória. Crédito: Ricardo Medeiros

As chuvas que não deram trégua a boa parte do país nas últimas semanas —  com o Espírito Santo entre os estados mais afetados — provocaram danos consideráveis à estrutura viária. A BR 101 em território capixaba foi castigada em dois trechos de Aracruz, com a necessidade de interdição total. A cratera aberta no km 170, no dia 29, impressionava pela sua dimensão.

É evidente que eventos climáticos extremos, registrados com cada vez mais frequência, provocam e vão continuar provocando um nível de destruição que nem sempre pode ser prevenido. A natureza é incontrolável e imprevisível. Mas isso não redime o poder público de suas responsabilidades, sobretudo com a garantia de estruturas mais seguras e resistentes. Ruas, avenidas e estradas com pavimentação de qualidade, durável, não o asfaltamento que mais se assemelha a uma casca de ovo, tamanha a fragilidade.

Em Vitória,  a Avenida Leitão da Silva, cujas obras de ampliação e modernização foram entregues há três anos pelo governo do Estado, é emblemática. Antes mesmo da inauguração, em 2019, as chuvas já haviam provocado aberturas no asfalto. Menos de um ano depois, foi realizada uma operação tapa-buracos na via. Uma avenida que deveria estar novinha em folha, mas deteriorada de forma precoce.

No último dia 22, a reportagem deste jornal registrou novas crateras. O Departamento de Edificações e de Rodovias do Espírito Santo (DER-ES) informou então que as obras de manutenção tinham sido iniciadas dez dias antes, mas o progresso delas dependeria das chuvas.  Como ela não deu trégua na última semana, a Leitão da Silva segue esburacada.

O importante eixo viário da Capital é aqui um exemplo por ser uma obra que mobilizou a cidade por cinco anos, entre idas e vindas e alterações de projeto. Antes mesmo das chuvas mais intensas das últimas semanas, os buracos na pista já estavam lá. Com os temporais, o problema se acentuou. Na Grande Vitória, estão por toda a parte. Na Avenida Audifax Barcelos, na Serra, uma cratera se abriu e houve a necessidade de interdição da via.

Em 2017,  a Confederação Nacional do Transporte (CNT) realizou um levantamento que apontou que a má qualidade da pavimentação rodoviária no país é decorrente de métodos ultrapassados de planejamento das obras e de deficiências técnicas na execução e na escolha dos materiais. Além disso, há falhas no gerenciamento das obras e faltam investimentos na manutenção das pistas. Mesmo que a pesquisa tenha elegido as rodovias como foco, é possível que os problemas se repitam na pavimentação de grandes vias urbanas.

A eficiência na condução dessas obras de infraestrutura é imprescindível, sobretudo com a fiscalização mais atenta das empresas contratadas para executá-las. No caso da Leitão da Silva, o DER informou que a obra tem garantia de cinco anos e, por isso, os buracos estão sendo tapados pela empresa contratada. É menos prejuízo para os cofres públicos, certamente. Mas quem trafega por uma via danificada também pode sofrer perdas materiais e colocar a própria vida em risco. Ruas e avenidas com pavimentação durável: é disso que o usuário/contribuinte precisa.

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