Café capixaba está em alta e não podemos perder as oportunidades

O que ainda precisa ser encarado com mais empolgação é o fortalecimento de uma identidade do café capixaba, nos moldes do que já foi feito com a moqueca, com investimentos em divulgação e marketing

Publicado em 15/04/2025 às 01h00
Cafezinho
Cafezinho. Crédito: Marcelo Camargo/Agência Brasil

O café é uma das bebidas mais populares do mundo, está nos hábitos e no imaginário de bilhões de pessoas em todo o planeta. Os vínculos econômicos e culturais do grão com o Espírito Santo vêm do passado e permanecem vigorosos no presente, quando estamos diante daquela que deve ser a maior safra da história do café conilon. Empresários e produtores esperam colher 18 milhões de sacas de 60 quilos em 2025, acima do recorde de 2022. Com a alta da saca, que já chegou a superar os R$ 2 mil, a safra deste ano pode movimentar mais de R$ 30 bilhões.

As oportunidades estão aí não é de agora, e o Espírito Santo vem aproveitando quando elas surgem: todo esse êxito é resultado da crescente modernização da lavoura e dos métodos produtivos, o que deve se acelerar ainda mais com a injeção desse capital nas regiões Norte e Noroeste.

É fato que já somos uma potência: no Espírito Santo 60 mil produtores produzem o equivalente a mais da metade da produção do Vietnã, o líder mundial, de acordo com informação do vice-governador Ricardo Ferraço em artigo publicada neste jornal.

O café também se desenvolve com pesquisa. O conhecimento produzido ao longo dos anos em parcerias de cafeicultores com instituições como  Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e o Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes) contribuiu para a modernização da produção capixaba e para o seu atual patamar de competitividade.

Com mais riquezas sendo geradas, os desafios também dão as caras: a violência no campo, com a valorização do produto, acaba sendo uma das facetas do Custo Brasil. A Operação Colheita 2025, de abril a novembro, promete aumentar o patrulhamento nas zonas rurais capixabas durante a colheita e reduzir a insegurança. Outra adversidade do setor cafeeiro é a crise de mão de obra.

E o que precisa ganhar mais força, diante desse novo degrau produtivo, é a consolidação da cultura do café para além das sacas comercializadas. O turismo em regiões produtoras — sobretudo onde se cultiva o arábica,  no Caparaó e na Região Serrana — já começa a se expandir, com circuitos de pousadas e cafeterias que propiciam a experiência do consumo similar às das vinícolas, com o aperfeiçoamento do conceito de terroir: um produto influenciado pelas condições do solo e do clima, com características peculiares em função disso, do sabor ao aroma. Mas isso pode e merece ser ainda mais organizado.

No que diz respeito à produtividade, o Espírito Santo está voando. Os investimentos devem continuar sendo expressivos, assim como os resultados. Paralelamente, já se desenvolve também uma cadeia produtiva que gera empregos em diferentes áreas, cada vez mais profissionalizada.

O que ainda precisa ser encarado com mais empolgação, sobretudo pelas cabeças pensantes do poder público, é o fortalecimento de uma identidade do café capixaba, nos moldes do que já foi feito com a moqueca, com investimentos em divulgação e marketing. O café do Espírito Santo tem qualidade indiscutível e está cada vez mais famoso lá fora. Mas seu recall pode ser ainda maior. Esse merece ser o seu futuro.

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