Quando o vereador Anderson Goggi (PTB) descreve o plenário da Câmara de Vitória como um circo, enquanto ao fundo se ouve a discussão acalorada iniciada após Gilvan da Federal (Patriota) mandar Camila Valadão (Psol) calar a boca, ele talvez não perceba o próprio engano. À beira de um picadeiro, os moradores da Capital estariam todos rindo e se divertindo, situação bem diferente daquela testemunhada na última quarta-feira (1º). Circo dos horrores certamente cairia melhor. Um espetáculo de vergonha e constrangimento.
Só desconhecendo ou simplesmente fazendo questão de ignorar a natureza da própria função que um vereador seria capaz de chegar ao ponto de desrespeitar tão frontalmente os cidadãos de sua cidade. A agressividade usada por Gilvan da Federal para rebater a colega não é só uma descortesia, é uma afronta à própria casa legislativa que os abriga. Foi ainda mais grave o oceano de ofensas desferidas contra dezenas de professores da rede pública municipal presentes na sessão.
O Sindicato dos Servidores Municipais de Vitória (Sindsmuvi) fez uso da tribuna livre, com a presidente da entidade, Waleska Timóteo, realizando um discurso sobre a valorização dos profissionais da educação no projeto de orçamento da Prefeitura de Vitória para 2022. Tudo dentro do script democrático, nos termos do debate público que é, ou deveria ser, parte indissociável da ação do legislativo municipal.
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O vereador fugiu ao tópico para fazer ataques completamente despropositados aos presentes. Primeiramente durante a palavra dada a ele, e depois quando passou a se dirigir aos professores nas galerias. “Canalhas! Vocês ficam emboscando criança na escola com ideologia de gênero. Com criança é fácil, quero ver com um homem. Covarde!”
Faltou decoro durante a sessão, e faltaram também reações enérgicas da presidência da Câmara de Vitória. O que abre precedentes para intervenções cada vez mais violentas, com o risco de que as lideranças percam o controle da situação. Há regras que devem ser cumpridas, e cabe ao presidente impor sua autoridade. O vereador Davi Esmael apenas deu a sessão por encerrada, fazendo vista grossa ao escândalo.
É inaceitável que denúncias sobre o mau comportamento não vinguem como processos administrativos disciplinares. A Corregedoria da Câmara disse que espera ser provocada por alguma denúncia para convocar uma reunião, o que também expõe uma passividade incompreensível diante dos fatos registrados na transmissão da sessão ou pelos celulares. É a própria Câmara dos Vereadores que pode provar que não é um circo, se cobrar a disciplina e o respeito ao povo que todo vereador deve demonstrar.
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