Em um dos planos da Prefeitura de Vitória para atrair empresas para o Centro da Capital, há a proposta de isenção de pagamento do Imposto Sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana (IPTU) durante cinco anos para quem se enquadrar nos parâmetros do retrofit, com o aproveitamento dos imóveis sem descaracterizá-los na arquitetura, mas dando a eles novos usos.
O setor imobiliário tem interesse na regulamentação dessa técnica de revitalização das construções, o que pode ser promissor para a região que passa por ciclos de abandono desde os anos 90. Em março passado, uma reportagem deste jornal mostrou um levantamento feito no segundo semestre de 2021 que dava a dimensão da ociosidade dos imóveis no Centro: 217 prédios, lojas, casas ou terrenos estavam sem uso no bairro. O estudo foi realizado pelo curso de Arquitetura e Urbanismo da Faesa em parceria com a prefeitura.
É conveniente falar em ciclos de abandono porque, nos últimos 30 anos, o Centro passou por alguns períodos de respiros de valorização que ainda se refletem em alguns nichos: há mais de dez anos, por exemplo, era impensável imaginar que a vida noturna na região da Rua Sete e da Gama Rosa conseguiria se estabelecer. Tampouco que também haveria uma transformação residencial. Deu certo. Mas em outro eixo, o do Centro como polo comercial que atraía moradores de toda a Grande Vitória e até do interior, o que houve foi só retrocesso.
A proposta do Executivo municipal enviada à Câmara da cidade com a isenção do IPTU prevê também a redução do Imposto Sobre Serviço (ISS) para empresas que atuam nas áreas de locação e gestão de mão de obra e vigilância; representação comercial; coworking; e serviços combinados para apoio a edifícios (exceto condomínios).
Pela nova dinâmica urbana de Vitória, não só com os shoppings que dominam o cenário há mais de 20 anos, mas também com a descentralização comercial e até mesmo com o crescimento do comércio eletrônico, não se espera que o Centro volte a ser como antes. O mundo mudou. O que se espera é acabar com o aspecto de abandono das principais avenidas, a Princesa Isabel e a Jerônimo Monteiro, e suas adjacências. É possível, com ações organizadas e incentivos, voltar a dar dignidade a esses trechos mais degradados e fazer uma nova economia pulsar na região.
As reformas previstas em espaços emblemáticos, como o Mercado da Capixaba, podem ser um impulso para essa onda de revitalização que nunca deixa de estar na agenda da Capital. É importante olhar também para os galpões do Porto de Vitória, agora sob concessão privada.
Para muitos especialistas, o retrofit é uma das melhores opções para viabilizar novos empreendimentos, modernizando o Centro sem fazê-lo perder a sua essência, com preservação arquitetônica e histórica. Uma contrapartida que beneficia empresas e comunidade, uma experiência bem-sucedida em todo o mundo. As propostas da prefeitura ainda serão apreciadas pelos vereadores, é importante que sejam destrinchadas e debatidas, com o engajamento da sociedade. O Centro de Vitória merece.
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