Você, morador da Grande Vitória que está lendo este texto, pare para pensar em quantas vezes se deslocou para outra cidade no último mês. Por qualquer motivo: para trabalhar, para estudar, para se divertir... o que importa é que, por mais que os municípios tenham autonomia administrativa, quem mora na conurbação existente entre Vitória, Vila Velha, Cariacica e Serra — e mesmo nos municípios um pouco mais distantes: Viana, Guarapari e Fundão — acaba levando uma vida na qual as atividades cotidianas não se limitam a uma só cidade.
Quando o cotidiano é compartilhado, os problemas também acabam sendo os mesmos. A integração metropolitana é uma promessa tão antiga quanto a própria Grande Vitória, mas eventualmente dá alguns passos importantes. A assinatura do convênio entre as guardas municipais de Vitória e Vila Velha para compartilharem o acesso às imagens dos cercos inteligentes dos dois municípios é um dos exemplos mais recentes. Uma ação que vai aumentar o sucesso no combate a crimes de trânsito, ambientais e fiscais, mas, sobretudo, vai trazer ganhos consideráveis na segurança pública.
Em Vitória, houve redução de furtos e roubos de veículos que pode ser creditada ao videomonitoramento em tempo real. De acordo com a Guarda Municipal de Vitória, em 2021, 779 veículos foram furtados ou roubados na Capital. Em 2022, esse número caiu para 713, mais de 9% de queda. A troca de informações entre municípios vizinhos só tem a somar: é essa sinergia que precisa ser a regra, não a exceção. A integração com o sistema estadual, bem como a dos demais municípios, pode produzir uma verdadeira barreira virtual contra o crime.
Mas as benesses da integração vão além da segurança pública. Uma das áreas em que ela fica mais evidente é a mobilidade urbana, e é importante que o transporte coletivo em Vitória tenha se integrado ao Sistema Transcol em 2021, cumprindo uma importante etapa do projeto iniciado em 1989. O deslocamento dentro da Grande Vitória continua sendo desafiador, e a busca de soluções conjuntas é imprescindível para reduzir os gargalos no trânsito.
O mesmo vale para o planejamento urbano, sobretudo o saneamento: se Vitória consegue, eventualmente, universalizar o sistema, mas Cariacica não tem o mesmo êxito, a Baía de Vitória continuará poluída. A sujeira não leva em consideração a cidade de onde veio, o prejuízo é sempre de todos.
As cidades também podem compartilhar suas experiências nas áreas de educação e saúde, promover a cultura e o turismo de forma conjunta. Iniciativas que precisam partir das próprias prefeituras, sem a necessidade das bênçãos estaduais (mesmo que o incentivo vindo do governo seja importante). É preciso institucionalizar essa articulação entre as cidades não no sentido burocrático, mas no prático. É fazer acontecer.
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