Ao escolher aquele que substituirá Eugênio Ricas, que atendeu ao chamado para assessorar o também delegado federal Valdecy Urquiza no comando da Interpol, o governador Renato Casagrade decidiu por entregar o cargo interinamente na Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp) ao subsecretário de Estado de Inteligência, Leonardo Geraldo Baeta Damasceno.
O também delegado da Polícia Federal foi levado ao cargo na Sesp pelo próprio Ricas, e sua chegada ao comando da pasta indica uma escolha pela continuidade. Mesmo que os termos de sua interinidade não tenham sido expostos, é quase protocolar que os resultados costumam ser a baliza para uma decisão definitiva.
Independentemente do tempo que comandará a Segurança Pública no Espírito Santo, o que deve guiar a gestão de Leonardo Damasceno é a compreensão de que seu status pode ser provisório, mas os desafios são permanentes. Não há tempo a perder. Não pode haver retrocessos. As prioridades podem até mudar com as circunstâncias, mas há metas que nunca deixam de ser perseguidas com afinco.
Seguindo a tendência iniciada na última década, interrompida apenas em 2017, ano da greve da PM, os homicídios permanecem em queda no Espírito Santo. Depois de ter fechado 2023 com o menor número de homicídios dos últimos 27 anos, os seis primeiros meses deste ano, a maior parte da gestão de Eugênio Ricas, registraram 432 homicídios, o menor número semestral de casos no período desde 1996. Se o novo secretário conseguir segurar essas estatísticas, poderá contribuir para ter um dos anos com menor número de assassinatos da série histórica. É esse tipo de compromisso que não pode se perder.
Ao mesmo tempo, estabelecer metas mais eficientes de combate aos casos de agressão e morte de mulheres. Somente no primeiro semestre deste ano, foram 21 casos de feminicídios registrados no Espírito Santo. Em todo o ano de 2023, foram 35.
Outro combate de primeira hora são os crimes patrimoniais, e o secretário tem pela frente a manutenção do Projeto Recupera, que tem tudo para ser uma forma eficiente de reduzir roubos e furtos de celulares. Os bons resultados iniciais mostram o potencial da empreitada.
E, em relação ao tráfico de drogas que mobiliza a ação violenta de facções, o novo secretário só tem pontos a seu favor. Na Polícia Federal, foi chefe do Núcleo de Inteligência Policial, área correspondente ao seu cargo anterior na Sesp. E não há dúvidas de que é nessa seara que se colhem as maiores vitórias contra lideranças criminosas. Inclusive, a própria prisão de Marujo em fevereiro foi resultado desse tipo de trabalho. Na PF, ainda foi chefe da Delegacia de Repressão a Drogas e chefe da Delegacia Regional de Combate ao Crime Organizado. Credencial não falta.
E vale repetir o que foi escrito neste espaço na ocasião da escolha de Eugênio Ricas: "Está nas mãos do comando da segurança pública a coordenação de um enfrentamento dos problemas que tocam na pele das pessoas. Uma forma de aliviar o dia a dia. Do carro levado numa manhã ensolarada, do celular tomado sob ameaça de uma faca no pescoço dentro de um ônibus, de moradores que precisam pedir autorização a criminosos para sair ou entrar em casa".
O bom trabalho de um secretário de Segurança determina o bem-estar e a qualidade de vida da população.
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