A inauguração da ciclovia da Terceira Ponte foi cercada de expectativa entre aqueles que fazem uso da bicicleta com alguma regularidade, sobretudo pela sua estrutura que atinge 70 metros acima do nível do mar, a ciclovia mais alta do país localizada em uma capital. A maior dúvida até então era se qualquer ciclista, com bicicletas mais simples, conseguiria completar o percurso entre Vitória e Vila Velha (e vice-versa).
Ciclovia inaugurada, o repórter Vinicius Zagoto e o repórter fotográfico Fernando Madeira resolveram, então, encarar a subida e a descida fazendo uso do Bike Vitória, as bicicletas compartilhadas por aplicativo que, neste mês de setembro, ocupam 38 estações espalhadas pela Capital. A bicicleta do aplicativo passou no teste, mas como em qualquer outra exige esforço do ciclista na subida e cuidado redobrado na descida.
Nos primeiros dias de funcionamento da ciclovia, houve registros de acidentes com outros tipos de bicicleta. E também circularam nas redes sociais denúncias de problemas estruturais, que mobilizaram o Ministério Público do Espírito Santo a enviar, em 13 de setembro, uma notificação para a Secretaria de Estado de Mobilidade e Infraestrutura (Semobi), recomendando uma vistoria com equipe técnica especializada em todo o percurso. É importante que não haja dúvidas sobre a segurança do local.
A ciclovia da Terceira Ponte, como vem sendo testemunhado pelo tráfego frequente no local desde a inauguração, parece mais desafiadora do que é na prática. Não precisa ser atleta para desfrutar dessa nova estrutura dedicada à mobilidade. Evidentemente, a prudência não pode faltar. Um bom conjunto de marchas ajuda na empreitada, e os freios precisam estar em dia para garantir a proteção dos ciclistas.
E é nesse aspecto que a infraestrutura de mobilidade disponível para o seu uso poderia melhorar. A reportagem teve certa dificuldade para conseguir, na estação da Praça do Papa, uma bicicleta do Bike Vitória com os freios regulados e pneus cheios. A Secretaria de Transportes, Trânsito e Infraestrutura Urbana de Vitória (Setran) informou que funcionários da empresa que administra o serviço "passam em todas as estações recolhendo os equipamentos danificados, repondo peças e acessórios e as próprias bikes quando necessário para que nenhum ponto fique desfalcado". Mas reclamações dos usuários sobre a falta de manutenção são comuns.
O próprio Bike Vitória, por ser um serviço municipal, acaba sendo ineficiente para cobrir a demanda da Ciclovia da Vida. Um usuário em Vitória necessariamente terá que voltar para a cidade, inviabilizando por exemplo que uma pessoa que trabalhe na Capital e more em Vila Velha use o serviço para voltar para casa após um dia de trabalho. E, para piorar, o sistema de bikes compartilhadas de Vila Velha segue suspenso, sem uma nova empresa para administrar o serviço.
Desde antes da inauguração da ciclovia, já havia sido sugerido neste espaço a criação de um serviço de bicicletas compartilhadas integrado na Grande Vitória. Na mesma época, o governo do Estado afirmou que pretende implantar um sistema nesse modelo, atrelado ao Cartão GV. O momento é mais que oportuno para dar gás a essa ideia.
LEIA MAIS EDITORIAIS
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta.