Com a normalização da produção da Coronavac e da AstraZeneca no Brasil, a chegada de lotes mais robustos da Pfizer e a iminência da adoção de novas vacinas, como Janssen e Sputnik V, o país finalmente começa a vencer um dos obstáculos para o avanço da imunização contra a Covid-19, que é a disponibilidade de doses. Falta ainda superar desafios logísticos na ponta do processo, nas unidades de saúde, que impedem que vacinas já distribuídas cheguem rapidamente ao braço dos brasileiros.
A urgência necessária à imunização, único caminho para que o mundo saia da crise sanitária, não é compatível com estoques de vacinas nos municípios, tão perto e ao mesmo tempo tão longe da população. É bem-vinda, portanto, a medida adotada pela Secretaria de Saúde do Espírito Santo (Sesa) de não contemplar nas novas remessas as cidades com taxa de utilização dos lotes de primeira dose abaixo de 70%.
É uma forma de pressionar as prefeituras a dar agilidade à aplicação do quantitativo já recebido. A medida soma-se a distintas soluções praticadas no país, como a chamada fila da "xepa", em São Paulo, lista de espera para pessoas acima de 18 anos que tem o objetivo de não desperdiçar doses remanescentes.
Em maio, as cidades do país levavam em média 20 dias para aplicar vacinas já distribuídas pelo governo federal aos Estados. O processo ficou ainda mais lento do que no mês anterior, quando a média era de 18 dias. Os motivos para a perda de ritmo incluem a escassez do IFA, que atrasou a fabricação e, consequentemente, a entrega de doses. No entanto, esse fator atrasou a aplicação do reforço. Na primeira aplicação, o diagnóstico da lentidão aponta que as principais razões são tropeços e reveses das próprias prefeituras em operacionalizar o plano de imunização, sobretudo com a exigência de checagem de laudos de comorbidade.
Desde que o governo do Estado autorizou a vacinação por faixa etária, os municípios voltaram a acelerar o passo, mas alguns ainda mantêm grupos prioritários sem atingir a meta de imunização, mesmo com vacina nas prateleiras. Além de não proteger a população o mais rápido possível, corre-se o risco de as vacinas em estoque perderem a validade.
A vacinômetro adotado pela Sesa começou a valer já nesta semana, com a nova remessa da Pfizer, que soma quase 50 mil doses. Apenas Colatina, no Norte do Espírito Santo, com taxa de utilização dos lotes de D1 abaixo de 70%, vai ficar de fora da distribuição do lote. A prefeitura da cidade assegura que as doses foram aplicadas e alega que a discrepância nos dados deve-se à instabilidade nos serviços de internet, que impossibilitaram o registro das informações.
A partir da próxima semana, a Sesa aumenta a nota de corte para 80% de utilização das doses recebidas. É um alerta claríssimo para as administrações municipais, que devem não apenas imprimir mais velocidade à aplicação, ajustando protocolos e reforçando o treinamento de servidores, como também dar visibilidade aos números, corrigindo empecilhos técnicos. Em meio a uma pandemia que ceifa tantas vidas, as máximas do serviço público de eficiência e transparência precisam mais do que nunca ser seguidas à risca.
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