O quase centenário Mercado da Capixaba, inaugurado em 1926 e tombado pelo Conselho Estadual de Cultura em 1983, é uma das preciosidades arquitetônicas e um patrimônio histórico do Centro de Vitória que acabou relegado ao abandono nas últimas décadas, entre promessas de reformas e seguidos adiamentos. No próximo dia 25, a Prefeitura de Vitória vai assinar a ordem de serviço das obras, o que, pelo menos em tese, sinaliza que a reconstrução do local vai sair do papel.
O espaço de 2,5 mil metros quadrados sofreu danos estruturais em um incêndio em 2002, que destruiu o telhado, e desde então as deteriorações se acentuaram, mas o prédio só foi desocupado no fim da última década. Até então, permaneceu sendo espaço utilizado por artesãos de forma quase improvisada.
A edificação possui um amplo pátio que conta com quatro acessos e foi construída para ser um mercado municipal de abastecimento. O pavimento superior chegou a abrigar um hotel até os anos 1940, e posteriormente foi sede da Rádio Espírito Santo. Com a construção da Vila Rubim, nos anos 1960, o espaço foi perdendo suas funções originais. Nos anos 90, passou por uma reforma para que recebesse a Secretaria Municipal de Cultura e Turismo no local.
Trata-se de um espaço privilegiado, cuja a destinação turística e gastronômica, se bem administrada, pode trazer bons frutos para a revitalização da região central de Vitória. Exemplos de sucesso desse tipo de empreendimento em todo o mundo não faltam, nem mesmo em outras capitais brasileiras.
O projeto da Prefeitura de Vitória para o novo Mercado da Capixaba manterá as características do projeto original, mas com a instalação de elevador e ar-condicionado. Há a previsão de 18 lojas, com dimensões que variam de 23 a 103 metros quadrados, e a reurbanização do entorno. O investimento previsto é de aproximadamente R$ 10,5 milhões.
Nos últimos anos, nunca se esteve tão perto do renascimento do Mercado da Capixaba. Em janeiro de 2020, a promessa era a de que os trabalhos aconteceriam no segundo semestre daquele ano, mas é de conhecimento geral a crise global que adiou os planos. Em julho do ano passado, já na atual gestão, houve uma nova previsão para o primeiro semestre de 2022, o que tampouco ocorreu. Agora, o anúncio da data de lançamento da ordem de serviço reacende as expectativas.
O novo Mercado da Capixaba é parte aguardada da revitalização do Centro, mas sozinho não vai fazer milagres. O renascimento da região depende de ações integradas, com propostas legislativas que incentivem as reformas e a reocupação dos espaços abandonados nos últimos anos. Não dá para adiar mais.
LEIA MAIS EDITORIAIS
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta.