Com mais de 30 mortes, dengue segue sendo uma derrota sanitária para o ES

Infectologistas afirmam que o mosquito tem se adaptado às cidades, com mais resistência aos inseticidas. Mudanças nos padrões de chuva, ligadas às alterações climáticas, podem estar no cerne dessa adaptação

Publicado em 18/04/2023 às 01h00
Dengue
Mosquito Aedes aegypti é o transmissor da dengue, vírus zika e chikungunya. Crédito: Divulgação

Dados da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa)  na última quarta-feira (14) totalizaram o número de mortes por dengue no Estado em 2023: 31 pessoas não resistiram aos quadros mais graves da doença. No mesmo período de 2022, a enfermidade tirou seis vidas. É, sim, um crescimento assustador.

A dengue é uma doença que apresenta ciclos endêmicos e epidêmicos, e especialistas afirmam que as explosões de casos costumam ocorrer  a cada 4 ou 5 anos. No Espírito Santo, em 2023,  até a data da divulgação da Sesa, foram 86.611 notificações, sendo 43.475 confirmados e 28.210 ainda sob investigação.

Esses números superlativos colocaram o Espírito Santo, terceiro com mais casos no país, no foco do Ministério da Saúde,  que assinou na última sexta-feira (14)  um repasse de R$ 1 milhão para o enfrentamento da epidemia de dengue.  Minas Gerais, Santa Catarina e Tocantins também vão receber o mesmo valor.

As autoridades de saúde pública estadual e municipais devem direcionar esses recursos não somente para o óbvio, com campanhas públicas e políticas de controle  do Aedes aegypti, mas também buscar enfoques na prevenção dos casos graves que podem progredir para a morte.

A Sesa divulgou o perfil das vítimas, o que é importante para se aprimorar o tratamento: 18 mortes foram de pessoas entre 41 e 70 anos. A maior parte dos que morreram em decorrência do doença neste ano era do sexo feminino: 69%. E a hipertensão era a comorbidade prevalente.

É importante, por exemplo, realizar o rastreamento do vírus em circulação. Em março, o Laboratório Central (Lacen) alertou que, após quatro anos, o Estado voltou a registrar o sorotipo 2 da dengue. Infecções consecutivas por diferentes sorotipos podem causar casos mais graves da doença.  Esse monitoramento, com capacitação profissional, pode ser aprimorado de forma emergencial com os recursos federais.

Existe vacina para quem comprovou dengue com exame de sangue, disponível somente na rede privada. Outra vacina mais recente, a Qdenga, aprovada pela Anvisa, deve começar a ser comercializada no Brasil no segundo semestre.  Esse imunizante pode ser utilizado tanto em pessoas que já tiveram dengue quanto naquelas sem histórico da doença, e seria importante que, diante da recorrência da enfermidade do país, fosse adotado pelo SUS. A dengue merece uma estratégia de imunização nos moldes da Covid, para reduzir as mortes.

Infectologistas afirmam que o mosquito tem se adaptado às cidades, com mais resistência aos inseticidas. Mudanças nos padrões de chuva, ligadas às alterações climáticas, podem estar no cerne dessa adaptação.  Mas a sociedade pode contribuir e muito para amenizar esse quadro,  com eliminação de possíveis criadouros em locais em que a água parada se acumula. Denunciar também é preciso, enquanto o poder público deve se fazer presente, como fiscalizador.

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