Há quatro anos, os prefeitos que tinham acabado de emergir das urnas em 2016 nos quatro maiores municípios da Grande Vitória posaram para uma foto carregada de simbolismo, publicada por este jornal. Reunidos, Luciano Rezende (Vitória), Max Filho (Vila Velha), Juninho (Cariacica) e Audifax Barcelos (Serra) se comprometeram a consolidar o que tantos antecessores já haviam prometido antes, sem sucesso ou empenho: a Região Metropolitana da Grande Vitória (RMGV). Garantiram, então, trabalhar com afinco para que ela enfim se concretizasse como um modelo de gestão integrado, buscando soluções conjuntas para os problemas comuns das cidades.
A realidade atual é que a Região Metropolitana, que também abraça outros três municípios praticamente contíguos (Viana, Guarapari e Fundão) e foi criada em 1995, permanece como uma utopia, 25 anos depois. Por inação, não por qualquer impossibilidade de ser concretizada.
Os prefeitos eleitos em 2016 não foram os primeiros a reforçarem o coro dos que entendem que as demandas da Grande Vitória são compartilhadas justamente por sua disposição geográfica, compondo uma massa urbana indistinguível na qual a circulação de moradores de um município ao outro é permanente, parte do cotidiano.
Morar em Vila Velha e trabalhar em Vitória é tão comum a ponto de paralisar a Terceira Ponte nos horários de pico... o que por si só já demonstra o desafio da mobilidade urbana intermunicipal, com soluções que envolvam todas as prefeituras, sob a regência do governo estadual.
A integração entre as linhas de ônibus de Vitória e o Sistema Transcol é um passo importante nesse cenário de transformação metropolitana e já tem data para ser iniciada, em março. Mas se arrastou por tanto tempo que acaba sendo um exemplo dessa inércia que atravessa mandatos. O transporte público é certamente um dos grandes gargalos urbanos que necessitam de uma visão metropolitana, com ações urgentes.
Em entrevista a este jornal, o prefeito eleito da Serra, Sérgio Vidigal, fez a defesa da criação de uma autoridade metropolitana para conjugar o desenvolvimento metropolitano, com a divisão de recursos em obras e serviços capazes de atender a todos os moradores da região. "O sistema de táxi, por exemplo, eu acho que tem que ser metropolitano. Por que um táxi da Serra não pode pegar um passageiro no Aeroporto de Vitória se só tem um aeroporto e o cara mora na Serra? Acho que a Guarda também pode ser metropolitana. As bikes compartilhadas também poderiam ser metropolitanas", reforçou.
A metropolização atinge o ordenamento territorial, com o planejamento das áreas a serem ocupadas de maneira sustentável, preocupando-se com questões ambientais decorrente das expansões urbanas. E também encara o desenvolvimento econômico de forma integrada, observando as potencialidades de toda a Região Metropolitana.
Em 2017, um passo importante foi dado nesse sentido, com a aprovação do Plano de Desenvolvimento Urbano Integrado (PDUI). Uma legislação para tratar de políticas públicas de interesse comum aos cerca de 2 milhões de habitantes da Região Metropolitana da Grande Vitória. Mas não houve resultados expressivos desde então. O PDUI é uma exigência de uma lei federal, o Estatuto da Metrópole, que prega uma governança interfederativa para o compartilhamento de responsabilidades e ações. E o Espírito Santo foi o primeiro a implementá-lo.
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Com a chegada dos novos prefeitos em 1º de janeiro, espera-se que haja mais iniciativa governamental na execução dessa integração almejada há tantos anos. Serviços de saúde, educação, transporte, segurança pública, tudo o que diz respeito aos sete municípios tem potencial de ser tratado de forma compartilhada, com planejamento. É um objetivo ambicioso desde a sua criação, mas não inatingível. Os prefeitos precisam olhar para os seus vizinhos para conseguirem entregar serviços mais eficientes à população.
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