As trincheiras da guerra ao novo coronavírus continuam sofrendo baixas sucessivas em todo o Brasil. No Espírito Santo, o número de profissionais de saúde contaminados passou de 500, de acordo com dados da Secretaria do Estado da Saúde (Sesa). É um drama não só no âmbito pessoal, com médicos, enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem e tantos outros profissionais diretamente envolvidos na cadeia de atendimento à saúde tendo que lidar, eles próprios, com uma doença que está sendo desvendada aos poucos, portanto ainda envolta em mistério e medo. Além dessa batalha pessoal, o adoecimento desses bravos soldados deixa desfalcado o próprio sistema de saúde.
O fortalecimento da rede hospitalar está na ordem do dia, e o governo estadual tem sido enfático no direcionamento de recursos para ampliar o socorro aos que precisam. Nesta segunda-feira (27), o governador Renato Casagrande falou da ampliação de hospitais para o tratamento da Covid-19. "Nas próximas semanas devemos chegar com 350 leitos de UTI", prometeu. Com o número de casos confirmados chegando a 1.944 no Estado, a preocupação com a infraestrutura hospitalar não é um capricho, é uma urgência. Mas, sem os recursos humanos a postos e seguros, o colapso será também inevitável.
Por isso, sempre que há denúncias sobre a falta de equipamentos de proteção individual (EPIs) — obrigatórios em qualquer situação médica, não só no atendimento a casos suspeitos ou comprovados do novo coronavírus — ou sobre o descumprimento de protocolos, na rede pública ou na particular, quem está em risco é a própria sociedade. O descaso com a segurança dos profissionais da área clínica e daqueles que atuam nos setores de limpeza ou de administração é uma negligência geral, afetando indiretamente toda a população. Todos saem perdendo, todos acabam em risco, caso faltem esses profissionais quando se precisar deles.
É imprescindível também o cuidado com a saúde mental de quem precisa encarar diariamente a linha de frente de combate à Covid-19, uma preocupação já expressada pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Não está fácil, os relatos expõem o esgotamento. Muitos desses profissionais temem não só pela própria saúde, mas também pela de familiares. É sacrificante, sem exageros. Por conta do crescimento exponencial de casos no setor de saúde, o Rio de Janeiro passou a oferecer hospedagem a quem atua nos hospitais, uma medida que deve ser colocada em prática também pelo governo do Espírito Santo. A dedicação de quem precisa superar os próprios temores para salvar vidas merece esse tipo de cuidado.
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O poder público não pode descuidar da realização de testes desses profissionais. Se ainda se realizam poucos exames com a população em geral, o mesmo não pode ocorrer com o setor de saúde. Os dados da Sesa mostram que médicos, enfermeiros e técnicos têm sido testados, mas não dá para relaxar. O monitoramento de quem está no dia a dia desse enfrentamento é um ponto primordial. Relegar os profissionais da saúde ao abandono é fechar os olhos para cada um dos pacientes, inclusive os futuros.
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