A violência contra a mulher tem sido testemunhada e relatada pelo jornalismo de A Gazeta há décadas, muito antes da importante tipificação do crime de feminicídio, em 2015. Desde então, este jornal compreendeu a necessidade do termo por sua capacidade de fazer justiça à morte de mulheres associada à discriminação, à opressão, à desigualdade e à violência sistemática. Não é um capricho de vocabulário, é a urgência de definir esses assassinatos como resultado de uma cultura machista ainda impregnada na sociedade.
Neste mês de setembro, completaram-se três anos da morte da médica Milena Gottardi. Os seis réus acusados de envolvimento no crime ainda aguardam o júri popular. E neste mesmo mês, no dia 10, a jovem Karolina de Souza Silva, de 17 anos, foi morta com um corte de serrinha no pescoço. O namorado confessou o crime. São apenas dois casos entre os tantos em um Estado que há anos aparece entre os mais violentos para as mulheres.
Ignorar a gravidade da situação feminina no Espírito Santo e no Brasil é fechar os olhos para a realidade. A Gazeta entende que a sua missão é maior do que simplesmente dar publicidade a esses crimes tão brutais. É preciso buscar as causas, compreender que se trata de um problema estrutural que só será transformado com o engajamento da sociedade.
Essas mulheres mortas ou agredidas, independentemente de classes sociais, raça ou orientação sexual, eram mães, esposas, filhas, netas... mulheres que acabaram sendo vítimas de julgamentos que deveriam estar relegados ao passado; em pleno século XXI, já passou da hora de superá-los.
A página Todas Elas, lançada por A Gazeta na última sexta-feira (25), não será portanto um refúgio: é local de visibilidade para questões femininas. Além de dar exposição à violência de gênero, também será um campo seguro com orientações para a denúncia de abusos e ameaças. Acima de tudo, um ambiente de valorização da mulher como protagonista da própria vida, capaz de fazer escolhas transformadoras no campo profissional e pessoal.
"A ideia é denunciar a violência, mostrar como se quebra esse ciclo, que tipo de apoio a mulher pode ter. E oferecer muitas formas de educação e empreendedorismo para todas as mulheres, vítimas ou não de violência", explica Elaine Silva, editora-chefe da redação A Gazeta/CBN. As profissionais envolvidas no projeto têm confiança no potencial agregador do espaço, que deve ser também objeto de atenção dos homens comprometidos com uma sociedade nas quais os direitos iguais para todos os gêneros prevaleçam.
As Júlias, Paulas e Celinas, vítimas de feminicídio, compõem um mural com inúmeras outras mulheres que perderam a vida simplesmente por serem mulheres. Ao lado delas, estarão aquelas que, mobilizadas, conseguirão dar uma guinada na vida, por meio de canais de denúncias, para escaparem da tragédia. A luta está só começando.
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