
É animadora a informação, divulgada pela colunista Vilmara Fernandes, de que o governo estadual pretende usar as estratégias do Programa Estado Presente, que vem contribuindo para promover a queda consistente dos homicídios no Espírito Santo desde a última década, para combater a violência no trânsito. É bom saber que as mesma percepção da população, de que as estatísticas de mortes no trânsito estão insustentáveis, também é consenso entre as autoridades.
Ora, em 2024, o Espírito Santo pela primeira vez na série histórica registrou mais óbitos em acidentes de trânsito do que homicídios. Foram 973 vidas perdidas como um sopro, de uma das formas mais banais, resultado da falta de segurança nas vias: um aumento de 18% em relação a 2023. Já os números dos homicídios mantiveram a tendência de queda, com uma redução de 13%: pela primeira vez, desde 1996, foram menos de 900 mortes.
O engajamento da sociedade e das autoridades, no Estado e em Brasília, em torno da redução da violência no trânsito tem sido uma das principais bandeiras deste jornal. É perceptível que o trânsito está mais caótico, as pessoas mais impacientes e dispersas (muitas vezes com um celular na mão). A indignação diante de tantos mortos e feridos diariamente nas ruas, avenidas e rodovias capixabas precisa mobilizar uma resposta organizada pela paz no trânsito.
A proposta de utilizar a metodologia do Estado Presente no trânsito ilumina possíveis ações integradas entre as polícias, as guardas e o Detran. Uma mobilização que envolva os municípios efetivamente. Enquanto tanta gente continuar morrendo brutalmente no asfalto, será a constatação de que as instituições estão falhando na proteção da população.
Fscalização mais eficiente e imprescindível, com abordagens qualificadas aproveitando o uso das câmeras, já tão disseminadas por todo o canto. Outro ponto é que não pode haver impunidade, o poder do exemplo é fundamental. E, por mais ingênuo que pareça, é imprescindível capturar corações e mentes para uma mudança que venha de dentro para fora, afinal, o trânsito é um reflexo das pessoas que estão nele.
A redução, ano após ano, dos homicídios mostra que é perfeitamente possível repetir esse êxito no trânsito. O Espírito Santo já provou que, quando se organiza em prol do interesse comum, consegue atingir os seus objetivos. O sucesso do combate ao crime organizado no início deste século é um exemplo. Assim como a organização financeira, mantida até hoje e responsável pelo salto de desenvolvimento do Estado. A nova iniciativa nos dá a esperança de resultados positivos também no trânsito.
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