As boas notícias: o desemprego no Espírito Santo no terceiro trimestre de 2021, segundo dados da Pesquisa Nacional de Amostra de Domicílios (Pnad) do IBGE, chegou ao patamar mais baixo desde 2015. O recuo registrado pela quarta vez consecutiva neste ano fez a taxa atingir os 10%. No Brasil, houve uma queda no mesmo período em relação ao segundo trimestre, com a taxa em 12,6%. Houve um fôlego com o arrefecimento da pandemia, turbinado pela cobertura vacinal que já atinge 80% dos adultos no país, e a consequente retomada da atividade econômica.
As más notícias: em números absolutos, ainda há 13,5 milhões de brasileiros em busca de uma vaga. No Estado, são 214 mil. Não se espera que uma reversão da situação, sobretudo ainda no contexto de uma crise sanitária, ocorra abruptamente, mas é um número que tem oscilado pouco desde a recessão da metade da última década.
Somados a essa fragilização crônica do mercado de trabalho, os números do IBGE também apontam uma queda recorde da renda dos brasileiros. Houve um recuo da remuneração média de 4% na comparação com o segundo trimestre, ficando em R$ 2.459. Mas é em relação ao ano anterior que o rombo se mostra mais expressivo, com queda de 11,1%, a maior da série histórica do IBGE. No Espírito Santo, a redução foi de R$ 94 em relação ao mesmo trimestre de 2020, chegando a R$ 2.375.
Embora os maiores vilões desse empobrecimento da população sejam as perdas inflacionárias registradas em 2021, com a última previsão do mercado financeiro para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 10,15% neste ano, e os juros elevados, as vagas criadas neste momento de transição tendem a ser de baixa qualificação ou informais, sintomas de uma precarização. Além disso, quem conseguiu manter o emprego no mercado formal não teve aumentos salariais acima da inflação.
Mesmo com essa redução do desemprego, o copo permanece meio vazio. A reação do poder econômico, com a abertura de vagas, ainda esbarra na incerteza de um ambiente de negócios com pouca credibilidade, em função das sucessivas crises políticas nacionais e da timidez das políticas econômicas com foco na retomada. A agenda das reformas segue emperrada, sem que se consiga estabelecer a confiança para novos investimentos.
Enquanto isso, a população sofre no dia a dia com os preços elevados, com o arrocho da renda. No Espírito Santo, o governo estadual cortou o ICMS do arroz e do feijão para tentar garantir alimentos básicos na mesa. Os brasileiros estão cada vez mais pobres, e mudar esse cenário deveria ser a prioridade de quem comanda o país, para que as boas notícias cheguem por inteiro, não pela metade.
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