Falta pouco. Pelo menos essa é a promessa do governo federal, que prevê a entrega do Contorno do Mestre Álvaro no dia 15 de dezembro. E uma reportagem de Vinicius Zagoto, publicada neste jornal na semana passada, ao mostrar o andamento das obras, trouxe ainda mais otimismo para o desfecho de um dos projetos de infraestrutura mais esperados na Grande Vitória.
Mais do que isso, a visita ao canteiro de obras evidenciou a grandiosidade da nova rodovia, concebida para reduzir o tráfego de veículos pesados na Serra (estima-se uma queda de 30%) ao fazer uma transposição do que hoje é a rota da BR 101 no município. Com o Contorno do Mestre Álvaro, o Espírito Santo ganhará em logística e em segurança viária.
Com as imagens, é possível ver que a construção desafiou a engenharia, sobretudo pelas condições instáveis do terreno. Dos 19,7 quilômetros da nova rodovia, 2,3 quilômetros são vias elevadas projetadas sobre as áreas de solo mole, uma dimensão quase equivalente à da Terceira Ponte, que tem 3 quilômetros. Uma estrutura monumental, com 5 mil estacas, que mobilizou a construção de uma fábrica nas proximidades exclusivamente para abastecer a obra.
O Contorno do Mestre Álvaro começou a ser idealizado no fim da primeira década deste século, e o contrato foi assinado em 2014. Imprecisões do projeto, justamente por conta da peculiaridade do terreno, e entraves burocráticos fizeram as obras demorarem cinco anos para saírem do papel. A ordem de serviço só veio em 2019. A previsão, então, era de conclusão em três anos. Mas faltou dinheiro.
Abdo Filho, em coluna publicada em janeiro deste ano, informou que a maior parte dos R$ 350 milhões destinados à obra até então veio de emendas de deputados federais e senadores capixabas. Foram anos de pires passados para o governo federal, com recursos paulatinamente reduzidos no orçamento, ano após ano. Na ocasião, o governador Renato Casagrande afirmou que o presidente Lula havia garantido os R$ 100 milhões que faltavam para a conclusão. Em agosto, a obra foi incluída no novo PAC.
O Contorno do Mestre Álvaro ainda precisa ser inaugurado para que o Espírito Santo respire aliviado, depois de tantos percalços. A complexidade da obra não justifica tantos atrasos, mas mostra que é possível pensar em grandes projetos de infraestrutura, que há soluções possíveis para os obstáculos que se encontram no caminho. O empenho dos que defenderam a obra em Brasília ao longo dos anos merece ser louvado. Mas, acima de tudo, os erros precisam servir como aprendizado.
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