COP26 é chance para ES alavancar meio ambiente e economia

Encontros estratégicos do governo do Estado na Escócia buscam apoio financeiro para movimentar a chamada bioeconomia e proteger população de risco, com macrodrenagem e contenção de encostas

Publicado em 04/11/2021 às 02h00
Rua João Francisco Gonçalves, em Cobilândia, Vila Velha, alagada durante chuva no mês de outubro
Rua João Francisco Gonçalves, em Cobilândia, Vila Velha, alagada durante chuva no mês de outubro. Crédito: Vitor Jubini

Inundações na Alemanha e na Bélgica, degelo no Ártico, queimadas na Califórnia, em partes da Grécia e na Amazônia. Eventos climáticos extremos têm acontecido com frequência cada vez maior, devido a um aquecimento médio de apenas 1,1°C no planeta, em relação aos níveis pré-industriais. Muito mais está por vir. Por isso a reunião de líderes de mais de 200 países na COP26, na Escócia, é tão crucial para definir o destino do mundo. Não é exagero.

A Terra, único planeta habitável para os humanos, é bom sempre lembrar, deve atingir ou mesmo superar 1,5 °C de aquecimento nas próximas duas décadas, mais cedo do que o previsto anteriormente. Não à toa, os discursos na Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas ganharam um tom mais urgente e resolutivo — pelo menos pela maioria dos chefes de Estado presentes. Não foi esse o caso do presidente Jair Bolsonaro, que nem mostrou preocupação com o tema, nem mesmo estava lá.

Assim como aconteceu com a gestão da pandemia, no vácuo deixado pelo governo federal, outras lideranças brasileiras assumiram o papel de apagar incêndios diplomáticos, anunciar projetos e buscar apoio. É o caso do governador do Espírito Santo, Renato Casagrande, que tem agenda com representantes da União europeia e dos governos norte-americano e chinês, para tocar programas de bioeconomia.

Os verdadeiros líderes políticos sabem que encontros como a COP26 são estratégicos não apenas para o meio ambiente, quando também nos aspectos econômico e social. Isso porque a conta das mudanças climáticas, como acontece com quase tudo, cai para os mais pobres. São as populações vulneráveis que mais sofrem as consequências, como enchentes, deslizamentos e alta de preços. Como o Espírito Santo é o segundo Estado brasileiro com maior percentual de pessoas em áreas de risco, um dos objetivos da visita do governador a Glasgow é conseguir recursos para obras de macrodrenagem e contenção de encostas, por exemplo.

Mais uma vez na contramão do bom senso, Bolsonaro afirmou, em vídeo previamente gravado e exibido na COP26, que o Brasil "sempre foi parte da solução, não do problema" no combate às mudanças climáticas. Não é bem o que a realidade mostra. Em plena pandemia, com desaceleração das atividades econômicas, o Brasil aumentou em 9,5% as emissões brutas de gases de efeito estufa. Na média global, a queda foi de quase 7%.

As metas de redução apresentadas pelo ministro do Meio Ambiente, Joaquim Pereira Leite, foram consideradas tímidas por especialistas. Além disso, o novo Ricardo Salles falou apenas em porcentagens, sem apresentar a redução real que o país deve atingir nesta década, tampouco detalhou orçamento. Enquanto o mundo pede ações concretas, o Brasil não entregou nem mesmo discurso para gringo ouvir.

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