Inundações na Alemanha e na Bélgica, degelo no Ártico, queimadas na Califórnia, em partes da Grécia e na Amazônia. Eventos climáticos extremos têm acontecido com frequência cada vez maior, devido a um aquecimento médio de apenas 1,1°C no planeta, em relação aos níveis pré-industriais. Muito mais está por vir. Por isso a reunião de líderes de mais de 200 países na COP26, na Escócia, é tão crucial para definir o destino do mundo. Não é exagero.
A Terra, único planeta habitável para os humanos, é bom sempre lembrar, deve atingir ou mesmo superar 1,5 °C de aquecimento nas próximas duas décadas, mais cedo do que o previsto anteriormente. Não à toa, os discursos na Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas ganharam um tom mais urgente e resolutivo — pelo menos pela maioria dos chefes de Estado presentes. Não foi esse o caso do presidente Jair Bolsonaro, que nem mostrou preocupação com o tema, nem mesmo estava lá.
Assim como aconteceu com a gestão da pandemia, no vácuo deixado pelo governo federal, outras lideranças brasileiras assumiram o papel de apagar incêndios diplomáticos, anunciar projetos e buscar apoio. É o caso do governador do Espírito Santo, Renato Casagrande, que tem agenda com representantes da União europeia e dos governos norte-americano e chinês, para tocar programas de bioeconomia.
Os verdadeiros líderes políticos sabem que encontros como a COP26 são estratégicos não apenas para o meio ambiente, quando também nos aspectos econômico e social. Isso porque a conta das mudanças climáticas, como acontece com quase tudo, cai para os mais pobres. São as populações vulneráveis que mais sofrem as consequências, como enchentes, deslizamentos e alta de preços. Como o Espírito Santo é o segundo Estado brasileiro com maior percentual de pessoas em áreas de risco, um dos objetivos da visita do governador a Glasgow é conseguir recursos para obras de macrodrenagem e contenção de encostas, por exemplo.
Mais uma vez na contramão do bom senso, Bolsonaro afirmou, em vídeo previamente gravado e exibido na COP26, que o Brasil "sempre foi parte da solução, não do problema" no combate às mudanças climáticas. Não é bem o que a realidade mostra. Em plena pandemia, com desaceleração das atividades econômicas, o Brasil aumentou em 9,5% as emissões brutas de gases de efeito estufa. Na média global, a queda foi de quase 7%.
As metas de redução apresentadas pelo ministro do Meio Ambiente, Joaquim Pereira Leite, foram consideradas tímidas por especialistas. Além disso, o novo Ricardo Salles falou apenas em porcentagens, sem apresentar a redução real que o país deve atingir nesta década, tampouco detalhou orçamento. Enquanto o mundo pede ações concretas, o Brasil não entregou nem mesmo discurso para gringo ouvir.
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