A sinalização do governo federal para a mudança de protocolo de testagem para o novo coronavírus é uma importante guinada na estratégia de enfrentamento da Covid-19, apesar dos seguidos equívocos do presidente Jair Bolsonaro. O Brasil passa a se alinhar à prática que tem sido responsável pelo sucesso de países como a Coreia do Sul na redução da disseminação do vírus dentro do território. O país passará assim a seguir as recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS), que tem sido enfática na defesa da testagem universal. É testar, testar e testar, como tem repetido os epidemiologistas da entidade.
O avanço da doença motivou o Ministério da Saúde a ampliar o número de exames disponíveis para 22,9 milhões, conforme anúncio da pasta nesta terça-feira (24). Ainda é promessa, que se espera cumprida. A política de verificar apenas os casos suspeitos com gravidade deve começar a ser abandonada, após muitas críticas, inclusive deste jornal. O governo, com a justificativa de não ter como disponibilizar kits suficientes, apegava-se ao argumento de que não haveria mais a necessidade de testagem ampla quando o contágio passasse a ser comunitário no país. A pressão pela adoção de uma nova postura epidemiológica, também por parte de alguns Estados, contribuiu para essa mudança de rota.
A comprovação de que uma pessoa assintomática, mas que teve contato com um indivíduo cujo teste tenha dado positivo para o novo coronavírus, tem a doença é de suma importância para o controle da epidemia, pois assim é possível blindá-la. É informação, algo que não pode ser desprezado diante do quadro de crescimento exponencial de casos que se avizinha. Com mais testes, os números também ficarão mais significativos. Tirar os casos da invisibilidade é a forma mais eficaz de combate.
O governo estadual já vinha se mobilizando para ampliar a testagem, com o anúncio de compra de mais kits. Mas é preciso também buscar resultados mais rápidos, para que as respostas sejam imediatas. A demora tem passado de uma semana, o que é inaceitável. O Laboratório Central do Espírito Santo (Lacen-ES), responsável pelos diagnósticos no Estado, precisa trabalhar sem a sobrecarga atual, e para isso o Estado pode usar a extensa rede de laboratórios do SUS, e mesmo os privados, para dar conta da demanda, sob a coordenação do próprio Lacen.
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Além da própria aquisição dos testes, as autoridades, em todas as esferas, terão também de estabelecer estratégias seguras para a sua realização, para que o próprio isolamento não seja colocado em risco. Haverá um crescimento da procura, e somente com planejamento e organização os governos serão capazes de evitar confusões. Se houve racionalidade na decisão de ampliar os diagnósticos, também será necessária sabedoria na forma como eles serão realizados.
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