
É preciso seguir o caminho do meio quando se fala no uso de bicicletas elétricas por crianças e adolescentes: nem proibir, tampouco fechar os olhos para o fato de que esses jovens estão entrando precocemente no trânsito. É nesse ponto que não pode faltar educação. E cabe aos pais a orientação na hora de colocar um desses veículos sob a responsabilidade dos filhos: há regras básicas a serem seguidas para garantir a segurança deles próprios e a de terceiros. Até mesmo as escolas poderiam incluir esse tema de forma mais incisiva nas aulas, afinal é justamente no trajeto escolar que elas estão sendo mais usadas.
O Conselho Nacional de Trânsito (Contran) libera as bicicletas elétricas e os equipamentos autopropelidos, como patinetes, da necessidade de habilitação, registro e emplacamento. Mas os veículos devem estar em boas condições e com equipamentos obrigatórios como indicador de velocidade, campainha, sinalização noturna e retrovisores. O uso de capacete é altamente recomendado, mas não obrigatório. E as bicicletas não podem ter capacidade de atingir mais de 32 km/h.
E, se não há necessidade de passar pelos cursos e treinamentos exigidos pelo Detran, é no mínimo esperado que esses adolescentes sejam orientados sobre regras básicas: essas bicicletas elétricas, assim como as "normais", devem circular em espaços adequados, como ciclovias, ciclofaixas e ciclorrotas. Se não houver essas delimitações, elas só podem transitar em vias com velocidade máxima regulamentada de até 40 km/h, sempre do lado direito, acompanhando o fluxo de veículos automotores.
Nas calçadas, só é permitido circular nas compartilhadas. E mesmo assim a velocidade máxima deve ser de até 6 quilômetros por hora, com prioridade ao pedestre. É principalmente nesse aspecto que a relação entre as bicicletas elétricas e os pedestres tem sido mais caótica. E é por isso que os jovens (e os adultos também) precisam ser mais educados, com acesso às regras. Sem esse nível de conscientização, os pedestres não terão mais como se sentir seguros em lugar nenhum.
Basta estar nas ruas para constatar que as bicicletas elétricas tomaram conta da Grande Vitória, com um crescimento vertiginoso no último ano, tornando-se um importante meio de deslocamento até mesmo para pessoas que têm carro ou moto. Não seria diferente entre os mais jovens, principalmente para ir à escola.
Há tanta reclamação sobre o trânsito, que não cabem mais carros nas ruas nos horários de pico, e nesse sentido a febre das bicicletas elétricas é um avanço na mobilidade. Cada bicicleta elétrica com um adolescente, na entrada e na saída das escolas, pode ser um carro a menos na rua.
Essa mudança de comportamento no trânsito precisa inspirar as prefeituras e governos a ampliar ainda mais a infraestrutura de ciclovias para a circulação de bicicletas nas ruas, inclusive dentro dos bairros. A fiscalização, de alguma forma, também precisa dar conta. É assim que se organiza o tráfego, é assim que se estimula o uso desses veículos menos poluentes.
Mas sem um compromisso de pais e da própria sociedade com a educação desses jovens, os riscos tendem a crescer. E o que nasceu como uma solução acaba virando um problema.
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