Era final da manhã de segunda-feira (7), quando suspeitos passaram atirando próximo a um comércio, em Alecrim, Vila Velha. O alvo seria um homem, de 38 anos, que havia acabado de chegar ao local, em uma moto preta. Atingido pelos disparos, ele morreu na hora. Mas, dentro do estabelecimento, estava um menino, de 5 anos, acompanhado da mãe, grávida.
Alheia ao que estava acontecendo, a criança também foi atingida por um dos disparos. Por milagre, o tiro teria ferido apenas o pé do menino, conforme informou a Polícia Militar. E também por milagre, não houve outras vítimas. Afinal, o crime ocorreu em frente à Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Padre Humberto Piacente, justamente no horário de saída dos estudantes do turno matutino.
No mesmo dia em que esse menino era alvo de um tiro em Alecrim, o pequeno Lucas Reboli, de 10 anos, voltava às aulas, quase um mês após ter sido baleado na cabeça, no dia 11 de outubro — véspera do Dia das Crianças —, enquanto jogava bola no pátio de uma escola municipal em São Cristóvão, Vitória. Ele passou por cirurgia e conseguiu se recuperar, tendo ficado 10 dias internado.
No último dia 1º, um menino de 6 anos também foi baleado, em Nova Rosa da Penha, Cariacica. O tiro atingiu o joelho da criança, e um adolescente de 16 anos também ficou ferido. A dinâmica do crime, porém, não foi informada pela polícia na ocasião.
São três casos, no intervalo de menos de um mês, em três municípios diferentes da Grande Vitória. Retratos de uma guerra que não para de fazer vítimas inocentes, como já fora comentado anteriormente neste espaço. E sequestra a sensação de segurança do cidadão no mero exercício de ir e vir.
Falta segurança ao cidadão, mas parece sobrar para os criminosos. Indo para o tudo ou nada, gangues rivais se enfrentam à luz do dia na disputa pelo tráfico de drogas no Estado. Ao mesmo tempo em que amedrontam a população, não se intimidam em ter seus crimes registrados por câmeras de videomonitoramento.
Às forças de segurança do Estado, não basta apenas adotar ações de policiamento ostensivo nos bairros a partir do momento em que os crimes ocorrem. É preciso se antecipar e pôr em prática estratégias para conter essa violência, impedindo que a ousadia dos criminosos faça novas vítimas.
Crianças e outras vítimas inocentes não podem apenas depender do milagre para sobreviver em meio à violência. Pois nem sempre serão salvas pelo imponderável. Para a família de Kemilly Vitória Caldeira Santos, lamentavelmente, restou a dor. Em abril deste ano, a menina de 9 anos brincava na rua quando houve um ataque a tiros, em Ilha da Conceição, Vila Velha. Ela ainda tentou correr para dentro de casa, mas acabou atingida. No caso dela, infelizmente, não houve milagre.
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