Nos anos 1980, as intermináveis filas em frente aos postos do antigo INPS eram o símbolo da letargia estatal e do descaso com o cidadão.
Com os avanços tecnológicos das últimas décadas, a fila se tornou virtual. Impossível de se ver, mas cada vez mais sentida por 2 milhões de contribuintes em todo o país, impossibilitados de requerer suas aposentadorias em função de um congestionamento de pedidos que vem sendo formado desde 2018, com a iminência da reforma da Previdência. Com a aprovação, em 2019, estabeleceu-se o caos.
No Espírito Santo são 14 mil pedidos de aposentadorias pendentes desde 2018. As solicitações por aqui se avolumaram em dezembro, com 5.665 novos pedidos encaminhados ao INSS, motivados pela aprovação da reforma.
Trinta anos depois, as razões são as mesmas. A fila virtual também reflete a inépcia e a burocracia, em parte por uma digitalização ineficiente dos processos, mas principalmente pela má administração dos recursos humanos. Com mais organização e gerenciamento, as aposentadorias previstas dos próprios servidores do INSS não seriam tratadas com tanta surpresa.
De acordo com o jornal O Globo, eram mais de 30 mil funcionários aptos a se retirar do serviço público no início deste mês em todo o país. Nos cinco primeiros dias úteis do ano, 676 se aposentaram. A convocação de 7 mil militares para reforço dos quadros é uma ação paliativa. Necessária no momento, mas o governo terá de enxergar mais longe para resolver o problema estruturalmente.
Nesse cenário, a crise do INSS já é estrategicamente utilizada como bandeira por sindicatos e grupos de interesses. Puro oportunismo. Por ser o sintoma mais grave da incapacidade gerencial, exige tratamento de choque, com uma reforma administrativa que aposte em boas práticas de gestão, com avaliações de demanda de funcionários que não sejam inflacionadas. O cidadão deve ser sempre a prioridade.
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O país precisa de um novo tipo de funcionalismo, comprometido com resultados, não com a manutenção dos próprios privilégios.
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